Prometida pelo governo de São Paulo para estar pronta em 2017, a vacina contra dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantã, foi adiada. Atualmente, ela se encontra na fase 3 de testes, a última antes de ser submetida à avaliação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A partir da conclusão dessa fase, o órgão terá um prazo para decidir se aceita ou não a vacina, como explica o professor Expedito José de Albuquerque Luna, do Instituto de Medicina Tropical da USP.
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20170118_00_pesquisa_vacina.jpg)
“Supondo que parte dos vacinados já esteja sendo acompanhada, nessa estação que está acabando agora eles já poderiam ter algum resultado”, diz ele. No entanto, como a ocorrência da doença foi muito baixa no Brasil nos últimos dois anos, é pouco provável que se tenha um resultado satisfatório. “Talvez seja necessário estender o acompanhamento dos vacinados por mais um ano”, afirma. Com isso, os resultados só se tornariam disponíveis após o final da próxima estação de dengue, ou seja, entre maio e junho do ano que vem.
Expedito Luna explica que precisa haver ocorrência da doença para se poder demonstrar que a vacina funcionou no ensaio clínico. Se há baixa ocorrência da moléstia, a probabilidade daqueles que participaram dos testes, mas tomaram somente placebo, contraírem a dengue também torna-se pequena. Além do mais, a vacina tem de se mostrar eficaz para os quatro subtipos existentes da doença. De todo modo, mesmo aprovado, o medicamento não se torna disponível da noite para o dia, uma vez que existem etapas a serem preenchidas – será preciso, por exemplo, que o produtor tenha capacidade comprovada de produção e que o governo, por sua vez, tenha recursos suficientes para adquirir o produto.
De resto, Expedito Luna observa que o Brasil viveu uma situação atípica em 2016 e 2017, anos em que foi registrada uma queda muito grande na ocorrência da dengue, como há muito não se via. Não há uma explicação plausível para isso – como não houve uma melhora do controle de vetores, a expectativa é de que a dengue volte a incidir de forma maciça num futuro próximo.