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Um protótipo de microscópio de fluorescência que pode ser conectado a um smartphone poderá auxiliar o diagnóstico de câncer de colo de útero. De acordo com cientistas do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, o equipamento será dedicado a equipes médicas e a patente já foi solicitada.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de colo de útero é causado pelo Papilomavírus Humano (HPV), sendo o terceiro tipo de câncer que mais afeta mulheres. A infecção pelo HPV é comum e pode causar câncer ao provocar alterações celulares que são detectadas facilmente por intermédio do exame preventivo Papanicolaou, podendo ser tratadas.
Sebastião Pratavieira, pesquisador do IFSC e um dos responsáveis pela invenção, explica que a intenção de usar smartphone visa à substituição das tradicionais câmeras científicas que são acopladas a computadores para se registrar imagens de diagnóstico. Embora sejam úteis, essas câmeras, de acordo com o cientista, não são tão práticas quanto os celulares.
Além do espaço para a instalação do smartphone, o protótipo do microscópio contém um LED azul, bem como conjuntos de lentes e fibras ópticas. No entanto, a configuração do instrumento pode ser alterada, permitindo que se utilize outros tipos de lentes e luzes.
Observação da lesão
Para observar uma lesão através do protótipo, aplica-se um marcador (corante) na região a ser analisada, tornando-a fluorescente e evidenciando as principais características que são avaliadas, como, por exemplo, a quantidade de células e o tamanho de seus núcleos. As células podem ser observadas tanto na pele do paciente como em amostras obtidas por meio de citologia esfoliativa – quando parte da lesão é retirada do indivíduo através de uma raspagem para então ser estudada.
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A professora Cristina Kurachi, docente do IFSC e uma das responsáveis pelo desenvolvimento do protótipo, diz que a invenção não substituirá a biópsia (coleta invasiva de amostra de lesão, que permite diagnosticar o câncer), mas que eventualmente auxiliará o diagnóstico, possibilitando que equipes médicas escolham a região mais adequada da lesão para prosseguir com a avaliação, uma vez que o novo método permite ver com facilidade as células presentes na superfície do tecido humano. Segundo a docente, com o método convencional, dependendo das características da lesão ou da experiência profissional do médico que executa o diagnóstico, a região da lesão, retirada para biópsia, pode apresentar informações insuficientes para se diagnosticar o câncer.
Entretanto, para avaliar o potencial do novo protótipo, será necessário comparar sua eficiência com a do método de diagnóstico tradicional em estudos clínicos que serão desenvolvidos em lesões de colo de útero.
Rui Sintra e Thierry Santos / Assessoria de Comunicação do IFSC
Mais informações: e-mail prata@ifsc.usp.br, com o pesquisador Sebastião Pratavieira