“Continuar fazendo o mesmo ou quebrar os paradigmas?” Com esse questionamento, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolve, desde 2010, o projeto FMUSP 2020, uma proposta institucional que busca melhorar e integrar processos, profissionais e iniciativas voltadas ao ensino, pesquisa, assistência e extensão. O intuito da faculdade, que está entre as melhores do mundo na área, é olhar para o ano de 2020, quando a unidade celebra o centenário de lançamento da pedra fundamental de sua sede, localizada na avenida que leva o nome de seu fundador, Arnaldo Vieira de Carvalho.
Em maio, cinco anos após o início do projeto, pesquisadores, profissionais, estudantes e representantes de associações, conselhos e instituições externas se reuniram na conferência Busca do Futuro para refletir sobre o cenário atual e o futuro do Sistema FMUSP-Hospital das Clínicas (HC). Durante a conferência, os participantes reavaliaram todo o processo e definiram prioridades em torno de seis eixos temáticos: sustentabilidade, integração, humanização, internacionalização, inovação tecnológica e excelência no ensino.
“Essa reunião determinou que cada um dos líderes tenha uma tarefa específica, apresentando relatórios periódicos, mostrando que tipo de ações práticas está tomando e como isso vai capilarizar todo o sistema”, relata o vice-diretor da FMUSP, professor Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho.
Gestão descentralizada
Coordenador do eixo temático que envolve sustentabilidade e gestão participativa, o professor Yassuhiko Okay explica que uma das propostas discutidas é realizar uma gestão mais descentralizada. A ideia é promover a criação de lideranças entre as diferentes categorias profissionais e em diferentes níveis hierárquicos, tornando-as copartícipes da gestão.
“Isso traz engajamento, melhora a autoestima, a cooperação e o sentimento de pertencer à instituição. O usuário se beneficia muito deste modo consciente de servir à população”, observa.
Foi proposto também potencializar doações de pessoas físicas e jurídicas; reduzir todo tipo de desperdício; focar o paciente, com revisão de processos e gestão de recursos, de protocolos de atendimento, de hotelaria; praticar referência e contrarreferência de informações técnico-científicas, gerenciais e do paciente de modo mais eficaz; reduzir custos sem perder a efetividade; desenvolver novos produtos relacionados ao ensino e à pesquisa, entre outros.
“As propostas se transformam em ações e são operacionalizadas continuamente. A instituição pratica uma gestão contínua na sucessão das diferentes diretorias da FMUSP, de tal modo que os projetos não sofrem descontinuidade”, ressalta o coordenador Okay.
[cycloneslider id=”fmusp-2020″]Sistema de comunicação
O eixo que envolve inovação tecnológica é coordenado pelos professores Marina Caldeira e Moisés Goldbaum. Eles contam que foi definida a criação de um centro de comunicação em Tecnologia da Informação, que desenvolverá um sistema de comunicação único para o complexo FMUSP-HC.
O sistema vai integrar o sistema de crachás – hoje, cada instituto tem o seu e os acessos acabam se complicando para quem trabalha ou estuda. “Também será concluído, validado e implementado o polo de inovação em saúde no Quadrilátero da Saúde, que compreende a FMUSP, a Faculdade de Saúde Pública (FSP), a Escola de Enfermagem (EE), o Instituto de Medicina Tropical (IMT) e o Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SVOC), em perfeita articulação com o Hospital das Clínicas”, observam os coordenadores.
Marina e Goldbaum afirmam que, para difundir a cultura da inovação entre os pesquisadores e facilitar o estabelecimento de parcerias com empresas e o registro da propriedade intelectual, foi criado o Escritório de Inovação na FMUSP em consonância com a Agência USP de Inovação.
“Este escritório promove o desenvolvimento de novos métodos de diagnósticos na área de cardiologia, imagenologia, ortopedia, entre outras; do ponto de vista socioeducacional, atendimentos emergenciais, telemedicina; e do ponto de vista de gestão, estabelecimento de prontuários eletrônicos, programação de atendimentos médicos.”
Os coordenadores do eixo Inovação Tecnológica entendem que o processo de internacionalização em curso, a busca por excelência no ensino, tanto nos níveis de graduação quanto na pós-graduação, o estabelecimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão com alto grau de sustentabilidade e o envolvimento regular com os processos de inovação tecnológica proporcionarão à Faculdade de Medicina chegar em 2020 com bons resultados em todos os âmbitos, com profissionais capacitados prestando serviços de saúde de qualidade, pesquisadores de alto nível e produção de conhecimento de ponta.
Humanização
Segundo a coordenadora do eixo Humanização, professora Linamara Rizzo Battistella, a humanização é uma ação transversal que permeia os processos que se relacionam com pessoas, desde o projeto pedagógico, as diretrizes de pesquisa e principalmente as práticas assistenciais.
Para garantir que a cultura de humanização esteja presente no continuum das ações dentro da Universidade, o respeito aos direitos de todos os humanos deve ser uma prática permanente e consolidada por programas de estímulo ao empoderamento e participação de todos os atores.
“A proposta para este novo período visa a fortalecer a educação e o apoio da humanização para o corpo docente e discente e isto se fará por meio de atitudes e ações materiais, como a que vem sendo desenvolvida no Pronto Socorro Central do HC e que será estendida para outras áreas, objetivando reestruturar as áreas hostis ao paciente”, observa Linamara.
“Nestes cinco anos, fizemos progressos e entre eles está a criação do Núcleo de Direitos Humanos, mas devemos comemorar a repercussão favorável dos conteúdos de humanização no currículo de graduação e a percepção positiva dos alunos nas práticas assistenciais humanizadas.”