Simpósio mostra aplicações de nova técnica de edição de genomas

Técnica CRISPR-Cas pode ser utilizada em estudos sobre agricultura, indústria, medicina e meio ambiente

 17/05/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 05/06/2017 as 10:12
Modelo das sequências de DNA – Foto: Tom Woodward/Flickr

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No dia 18 de maio, das 9 às 16h30, acontece o Simpósio USP Discute Impactos da nova técnica de edição de genomas CRISPR-Cas 9 na ciência e na sociedade, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). Durante o evento, pesquisadores da USP apresentarão aplicações da técnica em estudos sobre agricultura, indústria, medicina e meio ambiente. Também será divulgado o documento “Impactos da Nova Técnica de Edição de Genomas CRISPR-Cas 9 na Ciência e na Sociedade”, elaborado por cientistas da Universidade, que explica a utilização do método e recomenda uma maior utilização em pesquisas no Brasil.

O professor do ICB, Carlos Frederico Martins Menck, coordenador do evento, explica que CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) são elementos repetitivos encontrados no genoma de várias bactérias. CRISPR-Cas (proteínas associadas ao gene CRISPR) são endonucleases (um tipo de enzima, substância formada por proteínas) que reconhecem sequências emparelhadas com os RNAs codificados pelas repetições do CRISPR. “Basicamente, o CRISPR-Cas é um sistema de defesa de bactérias contra bacteriófagos (vírus). As repetições são um tipo de ‘memória genética’ de bacteriófagos”, conta. “Quando eles reinfectam a bactéria que contém esses elementos, com a memória apropriada, as nucleases Cas podem clivá-lo (dividi-lo), livrando a bactéria da infecção.”

O sistema CRISPR-Cas foi descoberto principalmente pelas cientistas Jennifer Doudna (Estados Unidos) e Emmanuelle Charpentier (França). “Ele foi adaptado de forma que pode ser direcionado a qualquer sequência de DNA, de modo que pode clivar sequência humana e, com isso, pode deletar um gene, mas também pode ativar o gene, modificá-lo, ou corrigi-lo”, ressalta Menck. “As formas de edição dos genomas (de qualquer organismo) são muitas e com um potencial quase ilimitado.” A técnica, de baixo custo e relativa simplicidade de execução, permite a edição de genomas de forma rápida e eficiente, e traz enorme potencial de impacto econômico em áreas como agricultura, pecuária, microbiologia e medicina.

Código genético – Foto: Polmax Aka/Flickr-cc

No evento, serão apresentados diferentes desdobramentos e aplicações da tecnologi      a CRISPR-Cas, ora empregadas em diferentes laboratórios da USP, em estudos sobre carcinoma (tipo de câncer) de boca, Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue), agricultura e mudanças climáticas, entre outros. O documento que será divulgado no evento explica como a técnica funciona e discute seu impacto sobre o futuro do uso da biologia molecular e as implicações para a sociedade. “A principal recomendação é que é preciso usar essa tecnologia no Brasil, e fazer muita pesquisa com ela”, destaca Menck. “É preciso que haja autonomia e capacidade para conhecer a tecnologia e usá-la para resolver os problemas do Brasil.” A integra do texto pode ser lida aqui.

O evento é gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição. O simpósio acontece no Anfiteatro Rachid Luis Trabulsi, dentro do Edifício Biomédicas 3, localizado na Av. Prof. Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, São Paulo. A programação completa pode ser consultada aqui. O evento é promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da USP e pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp). O encontro será transmitido pelo IPTV da USP, no link http://iptv.usp.br/portal/transmissao/crisprcas9.


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