Equipe de voluntários da "Expedição Cirúrgica" que esteve em Barra do Garças, no Estado de Mato Grosso - Foto: Divulgação/FMUSP

“Expedição Cirúrgica” leva atendimentos clínicos, cirurgias e exames a municípios remotos

Projeto de extensão universitária da Faculdade de Medicina da USP realizado com apoio da Força Aérea Brasileira atendeu neste ano a população de Barra do Garças, no Mato Grosso

 19/07/2023 - Publicado há 9 meses     Atualizado: 01/08/2023 as 15:43

O projeto de extensão Expedição Cirúrgica, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com o apoio, pela primeira vez, da Força Aérea Brasileira (FAB), chegou em Barra do Garças, no estado de Mato Grosso. Com o objetivo de democratizar o atendimento clínico e cirúrgico multidisciplinar de qualidade, a viagem teve início no dia 30 de junho e terminou em 10 de julho de 2023, com a participação de mais de 70 voluntários, entre professores, médicos e residentes da FMUSP, e mais de 1,7 toneladas de equipamentos hospitalares, materiais e medicações.

Para esse período de trabalho foi planejada a realização de 300 atendimentos clínicos de triagem, 117 cirurgias, 270 atendimentos ginecológicos, 1.005 exames de ultrassom e outros. Segundo Luiz Felipe Tojal, membro da diretoria da Expedição Cirúrgica, “o projeto tem uma importância para a sociedade que perpassa os ganhos de qualidade de vida e de funcionalidade que leva aos pacientes. Por exemplo, por meio de cirurgias de baixa complexidade conseguimos tratar patologias muito incapacitantes, como a endometriose, adenomiose, pedra ou cálculos na vesícula e incontinência urinária”. Além disso, diz, “por onde a Expedição passa ficam muitos ensinamentos para as equipes dos hospitais, que aprendem a conciliar um fluxo de pacientes intenso com um atendimento humanizado”. 

Interação entre a equipe da FAB e da FMUSP e organização dos equipamentos hospitalares para embarque- Foto: Divulgação/FMUSP

A parceria com a FAB, que teve a liderança de Luiz Claudio Macedo Santos e André Luiz da Costa Braga, ambos do Quarto Comando Aéreo Regional (IV Comar), surgiu com o engajamento da professora Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, diretora da FMUSP, e do professor Arnaldo Hossepian Júnior, diretor-presidente da Fundação Faculdade de Medicina. “Unir duas instituições públicas de relevância internacional, a FMUSP, com toda a expertise do Complexo HC-FMUSP, e a FAB, que tem uma função profícua de atender à população brasileira, principalmente aquela que mora em lugares distantes e de difícil acesso, em um projeto que abrange sobretudo os mais necessitados, é um exercício de cidadania”, destacou Hossepian Júnior. Ele ainda mencionou que “a saúde é vista nem mais como um direito social, mas sim, como um direito fundamental e para todos” e que essa coparticipação permitiu levar os residentes, os docentes e demais participantes da Expedição Cirúrgica a quilômetros de distância para compartilhar conhecimento e assistência.

“As missões de ajuda humanitária são de extrema importância para a Força Aérea Brasileira, pois estão alinhadas com nossa missão em garantir a defesa do Espaço Aéreo Brasileiro e contribuir para o desenvolvimento nacional; como no projeto Expedição Cirúrgica, transportando voluntários para os mais diversos locais do Brasil. Ao levar voluntários para essas áreas de difícil acesso, com demandas reprimidas de saúde e atendimento médico, a FAB contribui para o fortalecimento das comunidades locais, demonstra seu compromisso com o bem-estar da população e reforça sua importância como instituição de defesa do país”, declarou representante da FAB em referência ao projeto da FMUSP.

Equipe em atendimentos cirúrgicos na cidade de Barra dos Garças, no Mato Grosso - Foto: Divulgação/FMUSP​

A Expedição Cirúrgica 2023 foi encerrada mas o sentimento de gratidão e a capacidade de assimilar cada acontecimento durante os nove dias ainda se encontram mais do que presentes. Por nove dias o hospital, os pacientes, a rotina foram a nossa vida, os nossos pensamentos e os nossos desejos. Foram dias de entrega, de ensinamentos e de aprendizados.

O sentimento de gratidão é o que mais permanece para a população do município de Barra do Garças. Os números são uma pequena parte comparado ao impacto que ocorre na vida de cada pessoa atingida.

Equipe do projeto Expedição Cirúrgica no Instagram

A cidade de Barra dos Garças, no Mato Grosso, possui cerca de 70 mil habitantes - Foto: Wikipedia Commons

Sobre o projeto

Desde 2013, a Expedição Cirúrgica atua com base em três segmentos: o Ensino, a Assistência e a Pesquisa. Segundo informações do site, surgiu como um ramo de outra grande extensão chamada Bandeira Científica que ao longo de 15 anos de atuação já levou atendimentos de alta qualidade para os municípios remotos, com a realização de diversos exames, pesquisas, projetos assistenciais e um trabalho abrangente de mais de um ano com cada cidade selecionada. O projeto foi idealizado por um grupo de estudantes, sob a orientação do professor da FMUSP Maurício Abrão (associado do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia e responsável pelo Setor de Endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da FMUSP), com a coparticipação internacional da médica Rosanne Kho (Cleveland Clinic, de Ohio, EUA), que adaptaram parte da Bandeira Cientifica para atender às demandas cirúrgicas de cada município parceiro.

O objetivo é a formação social, acadêmica e profissional dos alunos da FMUSP por meio de ações que visem a atender populações vulneráveis e melhorar as condições de saúde de localidades afastadas no Brasil. Além disso, o projeto permite que os alunos participantes adquiram uma visão a respeito da realidade brasileira, estimulando o interesse pela área cirúrgica, utilizando a melhor tecnologia existente, doada e financiada pelos apoiadores e patrocinadores do projeto. 

Realizado uma vez por ano, busca atender às demandas de uma população com pouca infraestrutura e sobrecarga do sistema de saúde, principalmente em cirurgias de baixa e média complexidade, oferecendo uma medicina de nível internacional e altamente humanizada. Uma parceria é firmada com o poder público local e após as atividades, um relatório completo é enviado para as autoridades. E os professores incentivam a realização de pesquisas durante e após a expedição. Em 2015, por exemplo, foram apresentadas duas séries de casos no 62º Congresso Brasileiro de Anestesiologia; e em 2017, um trabalho foi premiado no Congresso Médico Universitário (Comu).

Clique no player e confira o vídeo de atividade do grupo em 2022 na cidade de Bariri, interior de São Paulo:

Edições anteriores

Desde 2015, a Expedição Cirúrgica tem crescido com o apoio e a entrada de novas especialidades, como Radiologia, Patologia, Anestesiologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo, encabeçada pelo médico Fábio Atui (HCFMUSP e Hospital Sírio Libanês, além de voluntário e organizador do projeto Expedicionários da Saúde). Já em 2017, para permitir o contínuo crescimento do projeto, assim como sua profissionalização, houve a desvinculação da Bandeira Científica, ano em que foram realizadas mais de 50 cirurgias e 330 ultrassonografias em Goioerê, no Paraná.

Em 2019, na cidade de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, o projeto atingiu marcas ainda maiores, passando das 70 cirurgias e de mais de 700 ultrassonografias. Em 2020, durante a pandemia de covid-19, houve um planejamento para ampliar ainda mais o projeto, por meio da possível entrada de novas especialidades cirúrgicas e da ida para estados mais distantes de São Paulo, sendo necessário para isso maior aporte financeiro e parcerias com empresas dos setores da saúde e de transporte. Em 2022, o projeto foi retomado em Bariri, município do interior do Estado de São Paulo, localizado na região de Bauru, chegando em 2023 em Barra do Garças, no Mato Grosso. 

Acompanhe o projeto Expedição Cirúrgica no Instagram.

Com informações da Assessoria de Imprensa da FMUSP


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