Recentemente, o Conselho Federal de Medicina proibiu o uso de anabolizantes para fins estéticos, sob alegação de que não há comprovação científica o suficiente para garantir a segurança do paciente que ingere essas substâncias. Problemas cardiovasculares e hipertensão arterial podem ser efeitos desse uso indevido, como esclarece a professora Elaine Maria Frade Costa, da disciplina de Endocrinologia e Metabologia da Faculdade de Medicina da USP.
A professora Elaine dá o exemplo da testosterona, que é a substância mais conhecida dentre os anabolizantes e que é utilizada para reposição hormonal. “A reposição hormonal, como o próprio nome diz, é uma substância para repor outras substâncias ou uma substância que o organismo não produz. Falando especificamente da testosterona, ela é um hormônio masculino que é destinado à reposição para homens que não produzem a testosterona de forma adequada.”
A testosterona tem dois efeitos: virilizantes e anabolizantes. Os virilizantes determinam a masculinização, enquanto o anabolizante aumenta determinadas células no organismo. “Eles [anabolizantes] têm sido utilizados para melhorar o desempenho de atletas, melhorar performance, melhorar a condição corporal, melhorar a massa muscular e diminuir a massa gorda.”
Consequências para a saúde
Para atender a padrões estéticos e para acelerar a conquista de um corpo mais atlético, os anabolizantes são usados em doses altíssimas, de cinco a 15 vezes maiores do que as doses utilizadas por médicos para repor hormônios em falta nos seus pacientes. Isso traz sérias consequências à saúde, segundo Elaine: “Um dos principais efeitos colaterais do uso abusivo de anabolizantes esteroides é o da produção de glóbulos vermelhos. Ou seja, você aumenta a viscosidade do sangue, você proporciona uma facilidade de provocar hipercoagulabilidade, ou seja, trombose. E, além disso, você ainda tem hipertrofia, pois, da mesma forma que aumenta a massa muscular do músculo esquelético, o músculo do braço ou o músculo da perna, aumenta o coração também.”
Além disso, há riscos para o fígado: “Você pode provocar uma hepatite medicamentosa, principalmente com o uso de anabolizantes orais, uma hepatite medicamentosa que pode levar a uma cirrose”, complementa Elaine. Esse é um risco que atinge atletas e não atletas. Mulheres, por exemplo, procuram os anabolizantes especialmente para diminuir a massa gorda do corpo, remover acúmulo de gordura, flacidez e celulites. Por isso, além da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, outras sociedades como a de Cardiologia, Ginecologia e Medicina do Esporte vêm se juntando para conscientizar sobre os perigos do uso indevido de hormônios.
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