Gabriel Gusmão Santos, formado em Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, foi o entrevistado desta quinta-feira (21) no podcast Os Novos Cientistas. Sob a supervisão do professor Paulo Nassar, Gusmão desenvolveu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado Baila, Vini Jr.! A luta antirracista dentro e fora de campo: uma análise das narrativas da imprensa espanhola e brasileira sobre os ataques racistas sofridos por Vinicius Júnior na temporada 2022-2023 da La Liga. O trabalho analisou as narrativas da imprensa espanhola e brasileira sobre os ataques sofridos pelo jogador Vinícius Junior, do Real Madrid, na temporada 2022 2023 do torneio de futebol espanhol.
“Há, basicamente, uma diferença cultural”, destacou Gusmão na conversa com o jornalista Antonio Carlos Quinto. Mas ele considera que talvez a principal diferença seja que no país europeu existe a valorização do jogador enquanto profissional. “Aqui no Brasil, o atleta é um produto midiático, uma celebridade”, disse. Ele destacou que Vini Jr. ficou muito marcado na Espanha por ser um jogador diferente nos seus dribles e nas comemorações de seus gols. “Para nós brasileiros, trata-se de algo natural. Afinal, crescemos vendo isso e ouvindo sobre o futebol arte”, analisou.
Gusmão ressaltou que o Brasil também é um país racista. “A diferença entre os dois países é que por aqui não se deixa de falar sobre o tema, enquanto que, na Espanha, há uma certa omissão, tanto dos veículos de imprensa quanto da sociedade e instituições, de forma geral”, avaliou Gusmão. O estudioso lembrou ainda que, entre o início de 2021 e maio de 2023, o atleta registrou nove processos de racismo na Espanha. Nesse mesmo período, três desses processos foram arquivados sem resolução. “Por aqui, casos de racismo que acontecem no futebol são noticiados e viram publicações nos principais portais e programas de televisão. Na Espanha, o que ocorre é a omissão de muitos casos de racismo”, observou Gusmão.
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