Uso contínuo de descongestionantes nasais pode gerar dependência

Após cinco dias de uso contínuo, descongestionantes perdem efeito e forçam um aumento de dosagem, que pode ser prejudicial para a saúde, alerta Edwin Tamashiro

 16/06/2023 - Publicado há 1 ano
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Doenças respiratórias – Foto: Freepik
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Em dias frios, que evidenciam a chegada do inverno, é frequente o aumento de casos de resfriados, rinites e crises alérgicas. Um dos sintomas é a obstrução das vias nasais, que causa incômodo e é comumente tratada com o uso de medicações rápidas como os descongestionantes nasais. 

“Nesta época do ano nós temos uma queda da umidade relativa do ar e diminuição da temperatura, condições que facilitam a suspensão de partículas alergênicas e irritativas para o nariz e aumentam a circulação de vírus”, diz Edwin Tamashiro, professor do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Taquifilaxia e outros impactos 

Edwin Tamashiro – Foto: Arquivo Pessoal

A taquifilaxia é o fenômeno em que o efeito de um remédio se perde após seu uso excessivo. Quando os descongestionantes nasais são usados por mais de cinco dias continuamente, acontece a taquifilaxia: “Aquela pessoa, que começa inicialmente pingando uma ou duas vezes por dia, depois, se ela prolongar por mais de cinco dias, ela tem que eventualmente até carregar esse frasquinho no bolso e pingar toda hora, mesmo depois de ter passado a crise de rinite, uma gripe ou um resfriado”, explica Tamashiro. Além do aumento no número de aplicações, o fenômeno pode levar a um aumento de dosagem, aumentando também a dependência da medicação. 

O problema não está apenas na taquifilaxia, afinal, o uso excessivo também pode trazer  efeitos deletérios para o sistema cardiovascular. Pessoas que têm ou que já tiveram algum problema de saúde como hipertensão, arritmia ou infarto prévio precisam utilizar os descongestionantes nasais com uma cautela ainda maior. “Há vários relatos de pacientes que sofreram picos de hipertensão grave, que tiveram infarto agudo do miocárdio, eventualmente até um acidente vascular cerebral (AVC).” 

Aliviando a obstrução

Existem caminhos mais seguros para lidar com a congestão nasal. Além do acompanhamento médico “para tratar não só os sintomas, mas também eventualmente a doença de base”, segundo Tamashiro, existem os corticoides nasais na forma de spray e também a lavagem do nariz com soro fisiológico: “Diferentemente desses descongestionantes nasais de pingar no nariz, o soro fisiológico limpa as impurezas, hidrata o nariz e limpa o muco”, comenta o professor. 


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