Uma aventura pelo Museu Paulista da USP

Martin Grossmann tece algumas considerações a partir da visita que ele e seus alunos fizeram àquele agora renovado espaço cultural

 04/04/2023 - Publicado há 1 ano

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O professor Martin Grossmann compartilha experiências recentes em equipamentos culturais em São Paulo, em particular a visita que realizou com seus alunos, no último dia 25, ao Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga, reinaugurado em 6 de setembro de 2022, após passar por uma reforma que durou nove anos. “Idealizado em finais do século 19, em meio a muitos debates e desencontros de ordem política, é importante destacar que esse museu não deixou de ser um monumento-edifício ainda totalmente referenciado por cânones coloniais: destaca-se impositiva e majestosamente naquela paisagem urbana. No entanto, sua mise-en-scène, no Parque da Independência, e sua expografia, de modo geral, deixam de, finalmente, estarem pautadas no ‘programa decorativo de Afonso Taunay’, proposto e executado pelo então segundo diretor do museu para as comemorações do primeiro centenário da Independência, lá em 1922″.

Segundo Grossmann, esse programa decorativo estava totalmente ancorado na abordagem político-ideológica promovida pela oligarquia paulistana, alicerçada pelo seu poder econômico e estratégico na liderança do País, principalmente pela pujança da economia do café. “Na verdade, esperamos por exatos 100 anos para que esse novo museu aflorasse. A crítica ao modelo taunayiano já existia há um bom tempo, mas reflexos concretos na expografia, principalmente nas alas laterais do museu servidas pelo grande hall, escadarias e salão de honra, só de fato ocorrem, com devido peso e importância, agora, depois desta significativa reforma, respaldados por mudanças no modo como a coleção é exposta e pelo fato da área expositiva do museu ter sido ampliada: ela, na verdade, foi dobrada! Novos pesos e medidas estão em vigor!”

Grossmann conclui sua coluna com uma observação: “Apesar da renovada ambiência, ainda precisamos fazer com que os museus deixem de contar a história dos vitoriosos, a da elite, como bem descreve Walter Benjamin, e procurem mais e mais potencializar sua função dialógica e interfacial com a sociedade, principalmente no caso dos museus que pertencem a uma universidade pública, como é a USP”.


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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