Trabalho remoto não é mais algo provisório, mas um recurso benéfico às empresas e aos funcionários

Modelo de home office ou híbrido melhorou a vida de 94% dos trabalhadores, segundo pesquisa da FEA comentada pelo professor André Fischer

 Publicado: 23/01/2025 às 11:10
Mesa de trabalho, com notebook, celular e bloco de anotações. Uma mão segura uma caneta azul, sobre o bloco
Do ponto de vista das pessoas, aumentou a opinião de querer continuar em home office, sob justificativa de maior produtividade Do ponto de vista das pessoas, aumentou a opinião de querer continuar em home office, sob justificativa de maior produtividade – Foto: Firmbee/Pixabay
Logo da Rádio USP

A terceira edição da pesquisa Percepções sobre o Trabalho em Home Office ou Híbrido, conduzida pelo Grupo de Pesquisas sobre Gestão Estratégica de RH e Relações de Trabalho da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP e da FIA Business School, foi publicada em 2024. Cerca de quatro anos após a primeira publicação, o estudo continua a mostrar uma tendência de preferência dos trabalhadores em relação ao trabalho remoto.

Conforme o professor André Fischer, coordenador do Programa de Estudos e Pesquisa em Gestão de Pessoas da FEA, após a migração forçada para o home office durante a pandemia de covid-19, as empresas e os funcionários se adaptaram rapidamente à nova realidade. A terceira edição da pesquisa, segundo ele, mostrou que tanto as organizações quanto os colaboradores estão mais bem preparados para o trabalho a distância, visto que a maioria dos entrevistados já possui um espaço específico em casa para trabalhar e considera que o home office é compatível com a vida familiar.

Satisfação e desempenho

A pesquisa indica que o modelo híbrido, que combina trabalho remoto e presencial, se tornou a norma em diversos setores, especialmente no de serviços. De acordo com o docente, cerca de 60% dos participantes trabalham três ou dois dias por semana em casa, enquanto apenas 25% optam pelo home office total. Ele explica que essa tendência demonstra que o trabalho híbrido não é mais apenas uma medida temporária em casos extremos e se tornou uma opção atrativa tanto para as empresas quanto para os funcionários.

André Fischer – Foto: Reprodução/ResearchGate

Um dos resultados mais interessantes da pesquisa é a alta taxa de satisfação dos trabalhadores com o modelo híbrido. Fischer destaca que a maioria dos entrevistados afirma que sua qualidade de vida e desempenho profissional melhoraram desde a adoção desse modelo, ao passo em que a relação com os gestores também foi avaliada positivamente.

“Nós tivemos quase uma unanimidade nas respostas a respeito de satisfação com o trabalho híbrido. Temos uma pergunta para mensurar isso, que diz assim: ‘Você considera que hoje a sua vida está melhor com o trabalho híbrido do que estava no passado, no presencial?’. A pesquisa mostrou que 94% das 1.139 pessoas que nós entrevistamos responderam que sim, que concordam com essa afirmativa”, avalia.

Futuro

Para Fischer, o trabalho híbrido se tornará cada vez mais comum nos próximos anos e a pesquisa realizada mostra que as empresas estão investindo em políticas e ferramentas para gerenciar o trabalho remoto de forma eficiente. Os funcionários, por sua vez, estão valorizando a flexibilidade e a autonomia que esse modelo proporciona.

No entanto, o especialista ressalta que o trabalho híbrido não é uma solução única para todas as empresas e todos os setores. A escolha do modelo ideal depende de diversos fatores, como a natureza das atividades, a cultura organizacional e as necessidades dos colaboradores. Conforme André Fischer, o trabalho híbrido também está impactando o mercado de trabalho, pois, com a crescente demanda por profissionais qualificados, os trabalhadores têm mais poder de negociação e podem escolher empresas que oferecem modelos de trabalho flexíveis. Além disso, esse modelo pode contribuir para a redução do desemprego, uma vez que permite às empresas contratarem talentos de diferentes regiões.

“Aquilo que foi uma medida provisória na época da pandemia está se mostrando agora uma alternativa que pode atender aos interesses das pessoas e das empresas que estão em busca de mão de obra qualificada. Então, as pessoas têm condição de negociar e de atuar melhor na relação com as empresas”, afirma.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.