Projeto propõe experimentos de física e química para crianças em periferias do interior de SP

Iniciativa que pretende combater o negacionismo científico levou atividades para escolas estaduais da região de São Carlos

 Publicado: 22/01/2025 às 14:41

Texto: Redação*

Ação na Escola Orlando Pérez – São Carlos - Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação do IFSC

Um projeto de extensão da USP promoveu atividades de aprendizagem científica para estudantes do ensino fundamental de escolas estaduais localizadas nas periferias dos municípios de São Carlos e Ibaté, no interior de São Paulo. O projeto levou estudantes de graduação da USP às escolas para realizar atividades lúdicas e experimentos envolvendo questões de química e física, com o objetivo de combater o negacionismo científico. A proposta foi a de ensinar de uma forma diferente das aulas tradicionais, por meio de jogos, experimentos e dinâmicas. 

O projeto AEX – Alfabetização Científica I aconteceu em 2024 e foi financiado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP. Os líderes da ação foram os professores Guilherme Sipahi e Herbert Alexandre João, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e Eduardo Bessa Azevedo e Ana Claudia Kasseboehmer, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. Tatiana Zanon, do IFSC, colaborou na avaliação dos jovens, no planejamento e no desenvolvimento das aulas.

As escolas estaduais envolvidas foram Atília Prado Margarido, Doutor Álvaro Guião, Orlando da Costa Telles, Orlando Pérez, João Jorge Marmorato, Dona Aracy Leite Pereira Lopes e Professor Sebastião de Oliveira Rocha.

A ciência na prática

Os responsáveis pela proposta priorizaram as escolas e os alunos que recebem menos projetos da Universidade: “Trabalhamos com o ensino fundamental, que muitas vezes não é atendido pelos cursos de licenciatura que temos na cidade de São Carlos e região”, pontua o professor Herbert João. Ele acrescenta que trabalhos realizados nas licenciaturas em Física e em Química, por exemplo, costumam atender apenas alunos do Ensino Médio.

“Devemos ter em consideração que é nossa missão quebrar o conceito de que as crianças não são capazes de entender termos científicos. Elas são capazes, sim (…). O importante é você colocar os alunos em uma posição de respeito, entendendo que, se você colocar termos que eles não conhecem, você deverá esclarecer e eles certamente irão entender e conseguir acompanhar, que foi o que aconteceu neste projeto”, diz o professor.

Para facilitar o processo de ensino, Herbert diz que planejou quais seriam os tópicos mais adequados para a faixa etária que participou do projeto e usou uma linguagem próxima à utilizada por ela. Os temas escolhidos foram os que mais chamam a atenção das crianças em geral, como, por exemplo, cosmologia, luz e cores e reações químicas.

Foto do professor Herbert João, um homem branco, de cabelo castanho e curto, com um óculos quadrado. Na imagem, ele está falando.

Herbert João: “As escolas envolvidas neste projeto são as menos privilegiadas dentro de um ponto de vista de acesso a propostas e ações desenvolvidas por universidades” - Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação do IFSC

“Entre essas temáticas foram abordadas questões de química e física, temas contemporâneos e que atravessassem o currículo que os jovens alunos já têm na escola, algo que acabou por entusiasmá-los, porque tudo isso os afastou da aula tradicional, através de jogos, experimentos e dinâmicas em sala de aula”, pontua o professor. Assim, os universitários puderam ensinar assuntos que os professores têm mais dificuldade de apresentar em sala de aula, como, por exemplo, os experimentos.

Em uma sala de aula, oito crianças estão divididas em grupos e conversam entre si. À esquerda, observando os alunos, estão os organizadores do projeto. Um dos universitários conversa com um dos alunos ao fundo.

Ação na Escola Orlando da Costa Telles, em Ibaté - Foto: Divulgação/Assessoria de comunicação do IFSC

O futuro do projeto

As direções e os professores das escolas abrangidas disseram que gostariam de promover mais ações similares ao projeto durante o ano letivo. Os estudantes de graduação da USP em São Carlos também se sentiram satisfeitos com o projeto, pois tiveram a oportunidade de ter um contato prático com as atividades pedagógicas do ensino básico.

“Para esses alunos de graduação foi um primeiro contato com a possibilidade de ministrar uma aula, de assumir uma turma. Então, isso, ao mesmo tempo que gerou um pouco de receio por assumir a responsabilidade de estar à frente de uma turma, também fomentou uma sensação de felicidade pelo sucesso alcançado”, enfatiza o organizador do evento. Ele recorda como todo o processo se desenvolveu com esses alunos de graduação: montar um grupo, escolher um tema e desenvolver o planejamento, que foi validado pelos docentes, montar o plano e, finalmente, realizar uma prévia. “Tudo foi muito bem testado antes de chegar até a escola”, sublinha Herbert.

O projeto terá uma nova edição em 2025, com maior tempo de planejamento. A ideia é estendê-lo também para as escolas municipais, que compõem outro grupo de estabelecimentos de ensino pouco atendido por iniciativas das universidades na região. A ação continuará a atender alunos do ensino fundamental, principalmente aqueles nos anos iniciais. Segundo os responsáveis pela ação, a proposta pode aguçar a curiosidade das crianças pela ciência e fomentar um caminho dos jovens estudantes rumo a uma carreira científica, com as carreiras de ensino superior que as universidades promovem.

No centro, três crianças fazem um experimento com duas bolas e um recipiente com água. À direita, uma aluna da USP observa as crianças, sorrindo. Ao fundo, outro universitário faz outro experimento com outras crianças.

Projeto levou experimentos científicos para as salas do ensino fundamental - Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação do IFSC

*Com texto de Rui Sintra, da Assessoria de Comunicação do IFSC


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