Toxoplasmose: uma antiga parasitose que ainda causa danos à saúde

Apesar de velha conhecida da medicina e da saúde pública, a toxoplasmose ainda causa infecções, mesmo nas grandes cidades

 Publicado: 24/04/2024

Logo da Rádio USP

Hoje (24), Eduardo Rocha fala sobre toxoplasmose, doença transmitida pelo parasita microscópico Toxoplasma gondii, que, em diferentes fases da sua vida de micróbio, pode se tornar um oportunista e infectar pessoas. As formas bradi ou taquizoítas podem ser ingeridas junto com alimentos derivados de animais, como carne ou leite crus ou malcozidos. A forma de cistos pode infectar através de água contaminada ou vegetais contaminados com as fezes de animais domésticos, hospedeiros do toxoplasma. E, na gestação, a mãe exposta, uma vez contaminada, pode transmitir à criança que está sendo gerada, mesmo sem perceber nem ter sintomas.

Diz Eduardo Rocha que “essas formas são bem conhecidas e preveníveis e o diagnóstico se dá diante da suspeita por febre, mal-estar geral, gânglios pelo corpo e dores, e isso pode ser confirmado com sorologia, um exame de sangue. No pré-natal, esse é um exame de rotina muito útil para o acompanhamento de uma gestação saudável”. Ainda segundo Rocha, os antibióticos e o acompanhamento médico são muito importantes para confirmar o sucesso do tratamento e observar se a doença não se espalhou para os nervos ou para a visão. A toxoplasmose é uma doença mais frequente em regiões tropicais úmidas como o Brasil e estima-se que 60% da população adulta tenha sido exposta, tendo tido a doença ou a forma assintomática. 

Engana-se, porém, quem pensa que a doença só se manifesta em regiões rurais, já que é frequente também nas grandes cidades. Um estudo recente, publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia pela oftalmologista Luciana Finamor e equipe, documentou um surto de toxoplasmose que atingiu 83 pessoas na cidade de São Paulo no início de 2019. Dessas, quase 5% tiveram manifestação ocular. “A partir desses casos e do grande número de resultados de sorologia positiva, foi feito um rastreio, que revelou a relação desses indivíduos com duas prováveis fontes de contaminação. Pelas características clínicas e demográficas, acredita-se que alimentos vegetais mal lavados foram a causa da exposição desse grande número de pessoas, quase ao mesmo tempo. Uma parte delas esteve num mesmo restaurante e o segundo grupo, em uma festa.”

Ao analisar os casos, os especialistas concluíram que os desfechos, bons ou ruins, poderiam ser minimizados com o diagnóstico rápido e o tratamento precoce para a toxoplamose. “Assim, todos nós precisamos saber e observar os cuidados na preparação de alimentos e pensar, em casos de febre, mal-estar, dores pelo corpo, também na possibilidade de toxoplasmose, mesmo vivendo em grandes cidades, porque se trata de uma doença que pode deixar complicações, principalmente em pessoas mais vulneráveis”, conclui o colunista. 


Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

.

.

 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.