Resistência de comunidades diante da epidemia de covid estimulou ações dos governos

Deisy Ventura explica que esse foi um dos objetivos de pesquisa que estudou comunidades periféricas de diferentes regiões, que apresentaram em conjunto a decisão de resistir frente aos desafios da pandemia

 03/10/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 04/10/2023 às 10:38
O projeto tinha como objetivo explicar como a resistência, juntamente com as demandas de forma mobilizada, faz o governo tomar maiores ações – Foto: Reprodução/Pixabay
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A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP apresenta pesquisa que discute respostas comunitárias à covid-19 a partir de  experiências observadas em países como Alemanha, Brasil, Canadá e Peru. Essa ação faz parte de um projeto internacional de pesquisa que conta com uma parceria entre a Universidade de São Paulo, a Universidade de Toronto, a Universidade de Giessen e a Universidad Peruana Cayetano Heredia. 

Deisy Ventura, professora do Centro de Pesquisas de Direito Sanitário da USP (Cepedisa) da FSP, explica que o projeto foi firmado no âmbito da plataforma transatlântica no edital do ano de 2021 sobre as respostas à covid-19. Assim, a pesquisa busca estudar comunidades periféricas de diferentes regiões que, apesar de apresentarem algumas diferenças estruturais, apresentaram em conjunto a decisão de resistir frente aos desafios da pandemia. 

Projeto

A professora explica que o programa foi construído de maneira horizontal, com uma primeira reunião científica sendo sediada dentro do campus da Universidade de São Paulo. Anne-Emanuelle Birn, professora da Universidade de Toronto e líder internacional do projeto, avalia que, para compreender a temática, é necessário que os indivíduos compreendam duas coisas: a primeira é a de que os países devem ter responsabilidade com a políticas sociais e a segunda é o entendimento de que muitas comunidades foram aptas da resistência e não da resiliência. 

Deisy Ventura – Foto: Reprodução/Fapesp

Assim, o projeto tinha como objetivo explicar como a resistência, juntamente com as demandas de forma mobilizada, faz o governo tomar maiores ações. Deisy adiciona também que o programa se caracteriza pela escuta para que cada comunidade possa contar a sua história nas suas próprias palavras. “Nós estamos ali para escutar e construir alguns materiais e iniciativas de forma conjunta, mas, essencialmente, nós queremos ouvir sobre esse protagonismo e registar para a história o que aconteceu nesses lugares, dando crédito a quem realmente agiu nesses ambientes”, aponta. Ou seja, a pesquisa parte de métodos qualitativos e participativos, reconhecendo a singularidade de cada comunidade. 

Resultados

Anne-Emanuelle comenta ainda que diferentes aprendizados foram retirados desse projeto, uma vez que, apesar do reconhecimento da luta realizada por essas comunidades e da celebração que está sendo feita, essa é uma luta que ainda apresenta-se de forma problemática, sendo necessário reconhecer esses ambientes como campos intelectuais.

Dessa forma, é fundamental lutar para garantir que os direitos às políticas sociais nas áreas de saúde, educação e segurança sejam garantidos. A professora Deisy afirma ainda que a celebração das conquistas dessas comunidades não pode ser vista como uma idealização, sendo necessário apontar o papel do Estado nesses locais. Pensar em um futuro em que a formação política seja mais simples e distributiva parece ser primordial, portanto, para a realização de melhores políticas no futuro.


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