Reflexão e aprendizado nos 60 anos do Museu de Arte Contemporânea da USP
Exposição comemorativa reúne obras nunca antes expostas, ou jamais conhecidas pelo público, a partir de uma nova leitura, segundo Helouise Lima Costa
A exposição Tempos Fraturados, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC) completou 60 anos em abril deste ano. Esse, que é um museu importante para a história cultural e artística do Brasil, apresenta uma exposição de longa duração para comemorar a data. Tempos Fraturados procura refletir sobre momentos de temáticas que marcaram a história política, cultural e social dos séculos 20 e 21”, diz a professora Helouise Lima Costa, coordenadora da Divisão de Pesquisa em Arte, Teoria e Crítica do MAC. “O título da exposição foi emprestado de um livro do importante historiador inglês Eric Hobsbawm, que foi um intelectual que atravessou duas guerras mundiais, viveu a ascensão dos regimes totalitários e teve a sua vida impactada pelo exílio. Apesar disso, ele se lançou um desafio de refletir sobre temas muito sensíveis do seu tempo e que ainda hoje se colocam para nós”, complementa a professora.
A exposição está organizada em sete núcleos temáticos, envolvendo temas como êxodo, Guerra Fria e resistência. Foi pensada por seis curadores que ajudaram a estruturar a diversidade dos assuntos, como explica Helouise: “Isso é uma tendência atual, de fazer com que a curadoria seja um trabalho mais diverso, mais inclusivo e em diálogo também com comitê consultivo de especialistas em diversas áreas, que nos ajudaram a pensar temas mais delicados e sensíveis, como as questões de gênero, as questões de raça, a presença ou não do indígena no acervo”.
A exposição traz uma oportunidade de contato com obras valiosas, embora pouco conhecidas: “O público pode reencontrar obras jamais conhecidas a partir de uma nova leitura, ou obras que raramente ou nunca chegaram a ser expostas. A exposição permite esses encontros”. Isso faz parte da conceituação de arte contemporânea, que Helouise também explica: “A arte contemporânea muitas vezes privilegia o processo de criação em detrimento da própria obra acabada, assim valoriza muito o processo de criação em relação aos temas. A arte contemporânea se volta principalmente para os temas do nosso próprio tempo, se coloca como uma ferramenta de reflexão e de crítica sobre a sociedade”.
Helouise Costa - Foto: Divulgação/MAC-USP
História do MAC
O museu foi fundado em 1963 e, desde então, esteve em vários lugares diferentes. “O museu, quando foi fundado, funcionou no terceiro pavimento do prédio da Bienal de São Paulo e desde o início houve uma reivindicação por um espaço próprio, que pudesse apresentar uma parcela mais significativa do acervo, considerando que hoje conta com cerca de 10 mil obras. Isso era realmente algo importante para o museu”, conta Helouise.
A procura por um lugar maior também refletia o desejo de tornar o acervo mais acessível para a população: “A mudança da sede em 2012 para o antigo Pavilhão da Agricultura, projetado pelo Oscar Niemeyer, foi muito importante para o museu, porque finalmente é possível expor para o público uma parcela muito significativa da coleção e, ao mesmo tempo, fez com que o museu se integrasse melhor à cidade. Possibilitou uma maior facilidade de acesso ao público, por uma localização absolutamente privilegiada que é o Parque do Ibirapuera, próximo a outros importantes equipamentos culturais da cidade como o MAM (Museu de Arte Moderna), a Bienal, o Museu Afro Brasil e a Cinemateca Brasileira”, comenta.
Para saber mais sobre a exposição, acesse: https://jornal.usp.br/cultura/exposicao-de-longa-duracao-da-inicio-as-comemoracoes-pelos-60-anos-do-mac/
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