Programa para manutenção regular das rodovias é essencial para infraestrutura e economia do País

Claudio Barbieri fala a respeito de um programa entre o governo federal e o Banco Mundial, que prevê o aumento de recursos para manutenção e melhorias em 4.550 km de rodovias em 11 Estados

 24/04/2023 - Publicado há 1 ano
O Brasil possui cerca de 1 milhão de quilômetros de estradas – Foto: Marcelo Camargo/ABr
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Foram iniciadas negociações entre o governo federal e o Banco Mundial para um programa que prevê o aumento de recursos para manutenção e melhorias em 4.550 km de rodovias em 11 Estados. O financiamento previsto para o pacote é de R$ 4,5 bilhões. Segundo o professor Claudio Barbieri, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, a manutenção da infraestrutura é essencial e afeta diretamente a economia do País. 

Em primeiro lugar, é possível notar que, nos últimos anos, devido à falta de investimentos, a qualidade das rodovias brasileiras piorou. Apesar de algumas exceções, grande parte delas precisa melhorar a qualidade fornecida à população e à sua capacidade de recebimento de veículos. “A infraestrutura de maneira geral, dentro dela as rodovias, precisa de manutenção recorrente. Se isso não é feito, elas acabam se deteriorando e corre-se o risco de, a longo prazo, precisarem ser reconstruídas”, explica Barbieri. 

A revisão e o monitoramento desse serviço deve ser feito juntamente com o acompanhamento do funcionamento do pavimento, da sinalização, da drenagem, entre outros. Segundo o professor, muitas vezes essas despesas acabam sendo deixadas em segundo plano, já que não são tão visíveis quanto os investimentos que são feitos em novas vias. “Essa falta de manutenção se transforma em um custo muito elevado, que é deslocado para o usuário, fato que acaba afetando negativamente a economia do País e a competitividade de seus produtos.” 

Claudio Barbieri

O professor também explica que uma rodovia em mau estado acaba gerando um ciclo de eventos negativos para a infraestrutura rodoviária. Os veículos acabam se movimentando com uma velocidade irregular, fator que aumenta o gasto com combustíveis, que se revela prejudicial ao meio ambiente. Além disso, quando a qualidade das rodovias não se apresenta da forma ideal, é comum a maior frequência de manutenção de veículos, condição que é economicamente prejudicial à população. 

Privatização e manutenção

Hoje, o Brasil possui cerca de 1 milhão de quilômetros de estradas. Barbieri explica que, apesar do número elevado, apenas uma parte delas, entre 100 e 120 mil, é pavimentada. “Dessas, aquelas que são mais importantes já foram concedidas para operadores privados. Por esse motivo, elas apresentam uma manutenção um pouco mais garantida. Isso acontece porque, com a arrecadação de pedágio, essas empresas são obrigadas a realizar a manutenção”, expõe o especialista. 

A ampliação desses serviços no setor privado deve seguir acontecendo, uma vez que, além de uma capacidade de investimento limitada, o governo público apresenta também problemas de contratação. O professor reitera que “as empresas privadas apresentam maior flexibilidade e, por isso, acabam sendo mais ágeis, resultando em uma manutenção mais frequente”. É importante também destacar que a empresa que está oferecendo a atividade ganha pela qualidade do pavimento, e não pelo simples prestamento de serviço, ou seja, a iniciativa privada apresenta um compromisso com a qualidade. 

O professor lembra também que, além dos problemas econômicos associados à questão, uma rodovia em mau estado possui um risco maior de acidentes. “Garantir que essas rodovias continuem funcionando com condições adequadas após a sua construção é o grande desafio desse setor”, comenta Barbieri. Destaca-se também o fato de que, apesar do alto valor destinado para a manutenção e regulamentação das rodovias, esse empréstimo não será suficiente para suprir a demanda necessária, sendo necessário um acompanhamento constante do setor.


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