Estima-se que 10% da população seja canhota, mas os mecanismos que determinam se uma pessoa será destra ou canhota ainda são pouco conhecidos. Um artigo recente, publicado na Nature Communications, discutiu os avanços no conhecimento sobre esse assunto.
Pesquisadores holandeses analisaram dados de 350 mil indivíduos que estavam na base de dados do UK Biobank, do Reino Unido, e compararam 313 mil pessoas destras com 38 mil canhotas e descobriram um gene novo, chamado beta-tubulina, que era 2,7 mais frequente nos canhotos do que nos destros.
Estudos anteriores do genoma de pessoas do UK Biobank descobriram 48 variantes genéticas associadas a pessoas canhotas. “Sabemos que a preferência pela mão esquerda ou direita tem a ver com a assimetria do cérebro, isto é, durante o desenvolvimento embrionário os hemisférios esquerdo ou direito do cérebro recebem impulsos diferentes, o que determina em parte nosso comportamento: por exemplo, que lado da boca preferimos mastigar ou como nos inclinamos quando abraçamos alguém”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP.
Mayana diz, ainda, que, além de contribuir para a compreensão dos mecanismos moleculares responsáveis pelo comportamento destro ou canhoto, esses estudos são importantes para desvendar os mecanismos da assimetria do nosso cérebro. “Quem sabe a neurociência poderá, no futuro, contribuir para entendermos melhor esses mistérios.”
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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