É preciso cautela com o uso da vitamina D para evitar excessos

Omar Jaluul comenta estudo que estabelece uma relação entre a deficiência dessa vitamina em idosos e a depressão

 Publicado: 10/04/2024
Para entender o real papel da vitamina D nos transtornos de humor, ainda é necessário mais informações e mais estudos – Foto: Ragesoss/Wikimedia Commons
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A importância da vitamina D é cada vez mais estudada como possível fator na questão de saúde mental. Um estudo recente realizado por Júlia Dubois Moreira, professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estabeleceu uma relação entre a deficiência dessa vitamina em idosos e a depressão. Os consultados com níveis baixos tinham 2,27 mais chance de apresentarem alguma questão de saúde mental e esse número cresce para 2,9 se a análise for feita a longo prazo (de 2 a 5 anos).

O médico Omar Jaluul, responsável pelo ambulatório de idosos sem doença do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, comenta a descoberta: “Nós sempre soubemos da importância da vitamina D para os ossos e para os músculos, e agora a temos estudado em diversas doenças”. O consenso atual é que 30 nanogramas por mililitro é o mínimo saudável para o bom funcionamento dos tecidos.

Causalidade ainda em debate

Omar Jaluul – Foto: Reprodução / X

Apesar de ser um estudo com potencial para novos avanços na área de transtornos psíquicos, esse ainda é um “campo em aberto”. O especialista faz ressalvas quanto a conclusões precipitadas, indicando que os efeitos de causa e consequência precisam ser melhor analisados: “Com relação às outras doenças, e principalmente às doenças mentais, como a depressão, há muita controvérsia sobre esses efeitos e eu acho que temos que ter um pouco de cuidado”.

O artigo, segundo ele, é um ‘estudo observacional’, ou seja, indica uma relação, mas não necessariamente estabelece uma causa e consequência. Um exemplo que ele dá é que idosos já com quadro depressivo podem sair menos de casa e, portanto, tomar menos sol, que é o que possibilita a sintetização da vitamina D.

Para entender o real papel da vitamina D nos transtornos de humor, ainda é necessário mais informações e mais estudos. A própria autora reconhece a questão: “Os resultados em conjunto ainda não são conclusivos, ou seja, ainda não podemos afirmar categoricamente que a vitamina D pode ser usada como prevenção ou tratamento coadjuvante na depressão”.

Cuidados com excesso

Enquanto ainda não se sabe ao certo a relação da vitamina D com a saúde mental, e mesmo que ela seja benéfica para diversas funções, é preciso ter cuidado com exageros. Jaluul comenta que não podemos transformá-la em uma ‘panaceia de coisas benéficas’. “Antes de saber se faz bem, temos que saber se não faz mal”, afirma ele. Tomar doses de vitamina D de maneira desregulada não é uma boa estratégia. Ele relembra que houve dois casos no ano passado de pacientes que foram submetidos à diálise, procedimento artificial que remove os resíduos e a água em excesso no sangue, por excesso de vitamina D.

Para se manter com saúde, é recomendado seguir as orientações médicas e não tomar suplementos sem a devida orientação. No caso da vitamina D, como ela é sintetizada somente pela exposição solar, é recomendado que todos tenham por volta de 30 minutos diários de contato com o sol, tendo pelo menos 40% da pele exposta. A Sociedade Brasileira de Dermatologia indica também evitar os horários entre 10 e 15 horas, quando a radiação pode ser excessiva.


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