Discriminação também traz consequências econômicas para o País

Com a discriminação racial, o País não aproveita os talentos existentes entre a população negra, afirma Nakabashi

 25/11/2020 - Publicado há 4 anos

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As consequências econômicas resultantes da discriminação racial no Brasil, tendo como cenário a tragédia do Carrefour, é o tema da coluna Reflexão Econômica desta semana.  Segundo o professor Luciano Nakabashi, a discriminação racial no País é pior do que a existente nos Estados Unidos, mesmo lá sendo mais explícita. “A pobreza no Brasil e a desigualdade de renda estão diretamente relacionadas a desigualdades entre raças, pois está muito mais concentrada entre as pessoas ou famílias de origem negra.”

Nos Estados Unidos, diz o professor, os negros alcançam posições de destaque, tanto no mercado de trabalho como em outras instituições. O professor lembra que eles tiveram um presidente negro comandando o país por oito anos e as crianças e jovens têm acesso a uma escola pública com mais qualidade que no Brasil. “Atualmente, em algumas cidades dos Estados Unidos, está começando a acontecer isso, das escolas privadas terem mais qualidade e o acesso ser maior para pessoas brancas, mas no Brasil isso é uma regra.”

Nakabashi afirma que a discriminação racial também traz consequências econômicas para o País, pois não se aproveita os talentos entre a população negra. “Os  brancos sobressaem em função do acesso a uma educação de qualidade, a um sistema de saúde melhor.  Quando temos uma pessoa com grande potencial que nasce numa família pobre, as chances dela conseguir aproveitar esse potencial são muito menores e isso acontece mais nas famílias negras, que também são cerca de 50% da população.”

Nos países desenvolvidos, como os nórdicos, diz Nakabashi, todas as pessoas acabam tendo um relativo sucesso em termos de mercado de trabalho e relações sociais, já no Brasil isso não acontece. “Boa parte das pessoas não consegue aproveitar o próprio potencial em decorrência do local onde nasce e por falta de acesso aos serviços públicos fundamentais, fatores que podem determinar a  capacidade produtiva, não só em relação ao trabalho, mas também nas relações pessoais.”

Para o professor, essa é uma armadilha de pobreza que afeta muito mais os negros no Brasil. “Esse é um débito histórico que precisamos resgatar”, conclui.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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