O isolamento social no Brasil está longe do ideal: os números mais recentes apontam para aproximadamente 43% de adesão. Em sua coluna de hoje, Paulo Saldiva aponta para a vulnerabilidade social como principal fator que leva os brasileiros a não seguirem tais recomendações; além disso, comenta a recorrência de crises pandêmicas no século 21.
A baixa adesão ao isolamento deve ser analisada considerando a vulnerabilidade social de setores menos favorecidos da população urbana. Tomando a cidade de São Paulo como exemplo, observa-se que, apesar de o sistema de saúde da capital paulista estar “dando conta”, a mortalidade varia muito de bairro a bairro: cresce em locais de habitações precárias, nos quais os ambientes internos das casas são compartilhados por muitas pessoas.
O professor comenta que, em conversas com familiares de pacientes infectados, muitas vezes há relatos de que a contaminação é resultado da obrigação de sair para trabalhar e manter a família do ponto de vista econômico. “Ninguém sai à rua desconhecendo os riscos, mas os assumem por necessidade”, ele pontua.
“Temos que entender que os vírus vieram para ficar”, comenta Saldiva, agora sobre a incidência de crises pandêmicas no período atual. Enquanto, no século 20, a humanidade foi atingida por duas pandemias — a gripe espanhola e a gripe asiática —, no século 21 já houve quatro — o sars em 2002; H1N1 em 2009; mers, recentemente, em 2012; e, agora, o sars-cov-2. O professor atribui isso ao ambiente de adensamento populacional e à mobilidade transcontinental proporcionada por um mundo globalizado.
“Temos de mudar nossa forma de nos organizar no futuro, senão estaremos sujeitos a episódios cada vez mais frequentes de pandemias como esta”, completa Paulo Saldiva.
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Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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