A Bienal de Veneza, diz Martin Grossmann, é, há 130 anos, uma das instituições culturais de maior importância no mundo, juntamente com a Documenta, de Kassel, na Alemanha, inaugurada em 1955, “que possui estrutura conceitual e institucional diversa da predecessora. A nossa, aqui em São Paulo, instituída em 1951, já foi mais impactante e referencial, como exploramos em outros momentos desta coluna, mas não há dúvidas que seguiu e ainda segue o modelo da que acontece nessa cidade-monumento: singular, flutuante, onírica e estonteante que é Veneza”. Ele lembra ainda que “esse formato original de evento cultural” inspirou não só a elite paulistana no pós-guerra como também proliferou no século 20, “tornando-se importante referência para a economia, a política e a estética da chamada arte global. São mais de 300 bienais ou trienais em diversos locais no globo”.
A Bienal de Veneza (La Biennale) foi fundada em 1895 e teve um público de aproximadamente 200 mil pessoas em sua primeira edição e mais de 800 mil na sua edição de 2022. “A expectativa é a de que a audiência da atual edição, em cartaz, a 60ª, cujo curador-chefe é um brasileiro, Adriano Pedrosa, se aproxime dessa cifra”, estima Grossmann. “Dado o sucesso desse novo formato de evento cultural e da importância econômica para a cidade, cujo turismo é sua principal renda, na década de 1930 surgiram novos festivais organizados pela mesma instituição: música, cinema e teatro. Em 1980, foi realizada a primeira Exposição Internacional de Arquitetura e, em 1999, a primeira dedicada à dança contemporânea. Ou seja, o modelo de evento mundial, inaugurado no âmbito das artes visuais, baseado em uma geopolítica iluminista, que particiona o mundo em nações, ainda demonstra seu poder na construção do imaginário dito universal ou globalizado.”
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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