“Aprovação da liberação do cigarro eletrônico seria um grande retrocesso”

João Paulo Lotufo comenta, entre outros assuntos relacionados ao uso do cigarro eletrônico pelos jovens, um projeto de lei que prevê a liberação do comércio,  importação, produção e propaganda desses dispositivos

 25/03/2024 - Publicado há 1 mês

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O uso do cigarro eletrônico pelos jovens volta a ser abordado nesta coluna do Dr. Bartô e os Doutores da Saúde. João Paulo Lotufo cita pesquisa realizada nos Estados Unidos, segundo a qual estudantes universitários, que relataram diagnóstico de doença mental no ano passado, tiveram um risco 33% maior de usar cigarros eletrônicos comparados àqueles mentalmente saudáveis. “As associações mais fortes entre o diagnóstico de doença mental no último ano e o uso atual do cigarro eletrônico foram encontradas para esquizofrenia, uso e dependência de outras substâncias, transtorno bipolar, bulimia e déficit de atenção.”

Segundo Lotufo, o Dia Mundial Sem Tabaco de 2024 dará uma plataforma aos jovens de todo o mundo que pedem que a indústria do tabaco pare de sinalizar com produtos prejudiciais à sua saúde. “Jovens em todo o mundo estão pedindo aos governos que adotem políticas que os protejam das práticas manipuladoras do tabaco e indústrias relacionadas, incluindo o marketing implacável dos seus produtos perigosos por meio das mídias sociais. Temos que proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco e do lobby da maconha.”

O colunista comenta a sessão realizada, no último dia 12, pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, durante a qual foi relatado pelo senador Eduardo Gomes o absurdo projeto de lei da autoria da senadora  Soraya Thronicke, que pretende liberar o comércio, importação, produção e propaganda dos dispositivos eletrônicos para fumar. “O Brasil tem o melhor programa de controle do nicotinismo, que é o termo do tabagismo atual, e é reconhecido mundialmente sobre isso. Essa aprovação da liberação do cigarro eletrônico seria um grande retrocesso.”

Diz Lotufo: “No momento em que se disputam posições em relação ao porte de maconha entre o Congresso e o Supremo, a área da saúde não organiza uma ampla campanha sobre os riscos do tabagismo ou do nicotinismo, sobre os riscos do cigarro eletrônico e sobre os riscos do uso recreacional da maconha. Quando se perguntava aos jovens qual a droga que faria menos mal, eles diziam ser a maconha, hoje eles dizem ser a maconha e o cigarro eletrônico. Se aprovar ou não o porte, não me importa muito, mas o que me importa é fazer uma ampla campanha para orientar os nossos jovens, as nossas famílias, sobre os possíveis malefícios que essas drogas podem acarretar. Só esta semana recebemos três enfisematosos no nosso ambulatório antitabágico para parar de fumar, infelizmente, tardiamente”.


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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