Sociedade em Foco #193: “A falta de políticas de prevenção é uma escolha da sociedade brasileira”

José Luiz Portella explica que a prevenção iria diminuir os custos das correções, além de prevenir ou diminuir a intensidade das calamidades

 21/05/2024 - Publicado há 1 mês
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #193: “A falta de políticas de prevenção é uma escolha da sociedade brasileira”
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Os gastos com políticas de correção são, normalmente, muito mais custosos do que seriam com políticas de prevenção. De acordo com José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da Universidade de São Paulo, isso ocorre porque não há medição de políticas públicas.

O especialista afirma que uma medição das situações iria corrigir e aprimorar as políticas, tornando-as mais produtivas e rentáveis, social e economicamente. Ele ainda explica que as enchentes no Rio Grande do Sul causaram um gasto três vezes maior do que se gastaria com a prevenção dessa calamidade, através da análise dos riscos. “Planejar, pensar antes nos riscos, de acordo com os dados que você tem, se não elimina a calamidade, a diminui bastante. A correção será menos custosa e muito melhor, menos dolorosa para as pessoas”, completa.

Para Portella, há um desperdício de dinheiro no Brasil, país que já luta para superar o déficit fiscal e o aumento de dívidas: “Poderia diminuir isso sem cortar nenhum benefício, ao contrário, até adicionando o benefício, porque não gastaria com a correção, mas o Brasil escolhe não fazer a prevenção”. Ele ainda acrescenta que, apesar de ser um problema político, é também um problema de atitude da sociedade brasileira, que elege os políticos, representantes da nação.

“Nós aceitamos e também fazemos na vida privada, obviamente não todos, mas uma grande parte da sociedade. Esse é o problema do Brasil, seja fazendo a mesma coisa na vida privada, seja aceitando e se conformando com o que é feito na área pública e elegendo as mesmas pessoas, não querendo fazer uma mudança no sistema. Na verdade, a falta de políticas de prevenção, que diminuiria o custo das correções, é uma escolha da sociedade brasileira, e isso é o que impacta as políticas públicas”, finaliza.


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