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Desde a madrugada do dia 7 de outubro, o mundo tem observado o intenso conflito entre Israel e o grupo radical Hamas na região da Palestina e Faixa de Gaza, principalmente. O embate já causou milhares de mortes e emergências humanitárias preocupantes. José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, explica que dificilmente as políticas públicas podem amenizar os impactos das guerras, uma vez que a lógica do conflito que visa a dominar o outro é, historicamente, intrínseco do ser humano.
“Povos que se achavam mais fortes, de um lado, queriam se expandir, levando, às vezes, a determinados avanços, mas com o sacrifício de outros povos: essa é a contradição humana”, pontua o especialista. Mesmo com a infeliz contradição, Portella comenta que momentos de guerra propiciam um melhor momento para a pesquisa, na medida em que se trata de um momento de luta pela sobrevivência. Assim, há um esforço de toda a inteligência e recursos disponíveis para ganhar conhecimento e fabricar algo que garanta a preservação da vida até tecnologias letais, como foi o caso da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o livro de Mariana Mazzucato, O Estado Empreendedor, explora-se como contextos bélicos forjaram as pesquisas que, anos depois, resultaram na base tecnológica de grandes empresas como Google e Microsoft. Por um lado, as novas políticas públicas, na opinião do pesquisador, acompanham tais conflitos, no sentido de avançar nas tecnologias. Por outro lado, Portella ressalta o aspecto terrível de dizimar parcelas da população inocente e sempre causa um efeito colateral que afeta com injustiça. Por exemplo, países ao redor de Israel, como Líbano, podem ser prejudicados, visto que a guerra retarda, especialmente, o avanço das políticas públicas sociais.
“Então, normalmente, a guerra traz impulso para políticas públicas que se baseiam na tecnologia, nos avanços eletrônicos tecnológicos, e ela representa um grande retrocesso nas políticas públicas voltadas ao social”, considera o especialista. No âmbito da sociedade, Portella esclarece que não somente a população carente cresce, como o sentimento de incompreensão e receio se estabelece nas pessoas diante do desenvolvimento de novos armamentos. Para uma solução das guerras, a relação se estabelece, segundo o pesquisador, muito mais no ser humano e em uma revisão de suas condutas do que em políticas públicas em si.
Momento Sociedade
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