Não é de agora que a matemática é uma aliada em estudos epidemiológicos. Modelos matemáticos podem auxiliar no planejamento de ações no combate a pandemias, como é o caso atual da covid-19. E lá na Escola Politécnica (Poli) da USP cientistas trabalham no desenvolvimento de um novo modelo matemático que poderá, num breve futuro, auxiliar no combate à doença que já atinge o mundo todo.
Em entrevista aos Novos Cientistas desta quinta-feira (4), a física Cristiane M. Batistela explicou como desenvolveu um novo modelo a partir de um outro já consagrado, o SIR. Os estudos de Cristiane vêm sendo realizados no programa de pós-doutorado do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Poli, sob a supervisão do professor José Roberto Castilho Piqueira.
“O modelo SIR foi publicado em 1927, por W. O. Kermack (bioquímico escocês) e A. G. McKendrick (médico escocês)”, contou a física. Eles criaram o sistema que considera uma população fixa com apenas três compartimentos: suscetíveis (S), indivíduos saudáveis mas que podem contrair a doença; infectados (I), aqueles que contraíram a doença e são capazes de infectar os suscetíveis; e recuperados (R), que não podem contrair a doença novamente. Daí a sigla SIR. O trabalho de Cristiane foi adaptar o SIR e incluir mais dois compartimentos: os imunizados (I2), que são a classe de indivíduos que contraíram a doença e estão imunes; e óbitos (O), que são a classe dos que contraíram a doença e morreram. “Com essa inclusão de mais dois compartimentos fizemos então um novo modelo que permite descrever a propagação na população que possui todos esses grupos”, explicou.