Em 1736, o compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) compôs o seu Stabat Mater, um cântico católico que expressa a profunda dor da mãe de Jesus Cristo, Maria, diante do sofrimento do seu filho na cruz. Cerca de cinco anos depois, Bach fez um arranjo para essa obra, enriqueceu a sua instrumentação e trocou o latim por uma letra em alemão que reproduz as pungentes palavras do Salmo 51. O resultado desse trabalho é a cantata Tilge, Höchster, meine Sünden, “Apaga, altíssimo, meus pecados” (BWV 1083), que foi apresentada no programa Manhã com Bach, da Rádio USP (93,7 MHz), nos dias 26 e 27 de junho de 2021.
A letra, de autor desconhecido, não reproduz literalmente o Salmo 51, mas segue de perto o texto atribuído ao rei Davi, em que ele se reconhece um pecador e pede perdão a Deus, numa das mais pungentes passagens de toda a Bíblia.
Essa pungência, essa dor por se perceber um pecador excluído da presença de Deus, esse profundo arrependimento permeiam toda a obra de Bach, a começar do primeiro verso, que afirma:
Tilge, Höchster, meine Sünden,
Deinen Eifer lass verschwinden,
Lass mich deine Huld erfreun.
Apaga, Altíssimo, meus pecados
Deixa desaparecer o teu zelo
Deixa tua benevolência me alegrar
O Stabat Mater Dolorosa – “Estava a mãe com dor”, em latim – é como que um gênero da música sacra. Composto no início do século 13, possivelmente pelo papa Inocêncio III, recebeu novas versões de compositores de diferentes épocas, entre eles Scarlatti, Vivaldi, Haydn, Dvorjak, Schubert e Liszt.
O Stabat Mater de Pergolesi foi a última obra criada pelo compositor italiano, que morreu em 1736, aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose.
Ouça no link acima a íntegra do programa.
Dedicado à divulgação da música do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), Manhã com Bach vai ao ar pela Rádio USP (93,7 MHz) sempre aos sábados, às 9 horas, com reapresentação no domingo, também às 9 horas, inclusive via internet, através do site da emissora. Às segundas-feiras ele é publicado em formato de podcast na área de podcasts do Jornal da USP.
As edições anteriores de Manhã com Bach estão disponíveis neste link.
