Ambiente é o Meio #131: Brasil acumula anos de desestabilização de políticas ambientais

Processo se intensificou após 2019, com defesa pública de políticas de desregulamentação por parte do governo, segundo especialista

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 Publicado: 05/06/2024
Ambiente é o meio - USP
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Ambiente é o Meio #131: Brasil acumula anos de desestabilização de políticas ambientais
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No Ambiente é o Meio desta semana, a pesquisadora Estela Neves, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Políticas Públicas e Desenvolvimento, fala sobre as mudanças na política ambiental brasileira. Ela é especialista em urbanismo pela Université Paris 8 – Vincennes-Saint-Denis e doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 

A pesquisadora conta que a construção da política ambiental brasileira começou a ganhar corpo nos anos 80 com a Lei Nacional de Política Ambiental de 1981, período que foi seguido por três décadas de expansão e consolidação, incluindo a Constituição de 1988 que incorporou as conquistas ambientais como disposições constitucionais. “A política ambiental brasileira tem uma periodização que ajuda a ordenar os fatos”, explica. 

Contudo, a partir da década de 2010, começou um processo de “instabilização” da política ambiental. A mudança do Código Florestal em 2012, segundo Estela, foi o primeiro sintoma desse fenômeno. A pesquisadora enxerga que a nova lei trouxe poucas melhorias e várias desregulações que enfraqueceram as proteções ambientais existentes.

Esse processo de desmonte se intensificou e “a desregulamentação ambiental passa a ser uma promessa de campanha de um candidato no processo eleitoral 2018”, continua a pesquisadora, afirmando que a partir de 2019 foi colocado em prática um conjunto de iniciativas para cumprir a promessa de desmonte da política ambiental brasileira.

Para Estela, com a eleição de 2022, o cenário mudou novamente, com compromisso renovado com a defesa ambiental. Mesmo assim, enxerga uma situação de tensão política. “Tem um fator que é o tempo. Há coisas que você não consegue fazer cessar de uma hora para outra, então se nós olharmos para o Legislativo, nós vamos ver que as mesmas forças de coalizão que promoveram o desmonte continuam organizadas”, observa. Essa tensão, para ela, é refletida nas ações governamentais, onde medidas para recompor capacidades administrativas convivem com tentativas de desregulação contínua. 


Ambiente é o Meio

Produção e Apresentação: Professores Marcelo Marini Pereira de Souza e José Marcelino de Resende Pinto, ambos professores da FFCLRP
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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