Diretoras e diretores das escolas e faculdades da USP divulgam manifesto em defesa da Universidade

Documento reafirma o compromisso dos dirigentes da USP com as políticas de permanência estudantil e com a contratação de novos professores

 29/09/2023 - Publicado há 7 meses     Atualizado: 02/10/2023 as 17:21

Arte: Jornal da USP

Foto: Os dirigentes se reuniram presencialmente e on-line para a leitura do manifesto - Foto: Reprodução

Diretoras e diretores das escolas e faculdades da USP se manifestaram, em uma carta que foi lançada hoje, dia 29 de setembro, para declarar sua unidade em defesa da Universidade e dos padrões pacíficos de convivência dentro da USP. 

O documento reafirma o compromisso dos dirigentes da Universidade com as políticas de permanência estudantil e com a contratação de novos professores. Leia, a seguir, a íntegra do documento.

Carta aberta à sociedade

Diretoras e diretores da Universidade de São Paulo vêm a público declarar sua unidade na defesa da USP, manifestando-se sobre aquilo que lhes cabe gerir em seu cotidiano, sua realidade.

A USP é um patrimônio paulista e brasileiro. Ao longo de seus quase 90 anos de existência, vem formando milhares de profissionais em todas as áreas do conhecimento, em graduação e pós-graduação, produzindo pesquisas que têm impactado no desenvolvimento da sociedade, sendo referência nacional e internacional.

Como um todo, a USP é responsável por um quinto de toda a Ciência que se faz no Brasil. Não é por acaso que está entre as 100 melhores do mundo, ocupando a 85ª posição no ranking mundial (2023).

Uma parte significativa desse processo é nosso alunado. Nós nos orgulhamos de formar cidadãos críticos e participativos.

Respeitamos a autonomia do movimento estudantil em nossa instituição, pois esse respeito é parte do nosso compromisso democrático.

Este mesmo espírito uniu toda a comunidade uspiana tantas vezes ao longo de sua história, para lutar por direitos e pela democracia.

Na última semana, a USP foi palco de diversas manifestações estudantis que afetam cerca da metade das escolas, faculdades, institutos e museus da Universidade.

Embora boa parte delas esteja ocorrendo de forma pacífica, algumas têm recorrido a expedientes que não condizem com o ambiente acadêmico, envolvendo interdições físicas que bloqueiam o acesso aos espaços da Universidade, em alguns casos acompanhadas por constrangimentos a professores, servidores técnicos e administrativos e alunos.

As manifestações têm duas demandas principais: a contratação de docentes e a ampliação das políticas de apoio à inclusão de estudantes com vulnerabilidade socioeconômica. São demandas importantes e que inquietam a comunidade uspiana há anos.

De 2014 a 2022, a USP não conseguiu repor completamente o seu quadro de docentes e funcionários, e entre 2019 a 2022, os concursos para docentes foram interrompidos devido à pandemia ocasionada pela covid-19.

A despeito disso, os servidores docentes e técnicos e administrativos se mantiveram firmes no propósito de garantir uma universidade de classe mundial.

Por outro lado, as políticas de cotas nos exames vestibulares implantadas ao longo dos últimos anos aumentaram a proporção de alunos vindos de escolas públicas e de alunos pretos, pardos e indígenas, e é importante que este grupo tenha plenas condições de permanecer na Universidade com dignidade.

A direção da Universidade, seus diretores e a Reitoria, estiveram atentos a essas questões. Há vários anos a Universidade vem investindo na política de ingresso e permanência estudantil.

Mais recentemente, foi criada a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), com as respectivas Comissões de Inclusão e Pertencimento (CIP) nas unidades.

No último vestibular, 54% dos alunos aprovados são provenientes de escolas públicas, com 27% de alunos pretos, pardos e indígenas, demonstrando a efetividade das políticas de inclusão no ingresso.

Para dar plenas condições aos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, a Universidade ampliou em 60% o investimento em bolsas e com reajuste de valores que não tem paralelo na história da Universidade.

Do mesmo modo, no último ano a atual gestão reitoral implementou um programa ambicioso de renovação do quadro docente da Universidade, apoiado pelos diretores de todas as unidades, institutos, museus e membros do Conselho Universitário, com a distribuição de 879 novos cargos de docentes.

Apesar da longa tramitação dos concursos públicos para contratação de docentes, que duram cerca de oito meses para serem concluídos, as contratações estão em franco progresso, com 240 novos docentes já contratados, que trarão grande renovação à Universidade, inclusive em novas áreas do conhecimento.

Além disso, a USP retomou a contratação de servidores técnicos e administrativos, com 597 novas vagas para contratações.

A Universidade é dinâmica. Não para e não pode parar.

A comunidade USP – dirigentes, docentes, servidores técnicos e administrativos, estudantes e demais colaboradores – está trabalhando intensamente para continuar construindo uma universidade pública forte, formando gerações de cidadãos conscientes, profissionais competentes e pesquisadores dedicados, produzindo e disseminando conhecimento para termos uma sociedade cada vez melhor.

Leitura de Carta Aberta aos Dirigentes no Instituto de Estudos Avançados da USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Assinam a carta:

Ana Magalhães (MAC), André Morandini (Cebimar), André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho (ICMC), Brasilina Passarelli (ECA), Caetano Juliani (IGc), Carlos Eduardo Ambrosio (FZEA), Carlota Boto (FE), Celso Fernandes Campilongo (FD), Eduardo Neves (MAE), Eloísa Bonfá (FM), Ernani Pinto (Cena), Fábio Gomes (FEA-RP), Fernando Catalano (EESC), Giulio Gavini (FO), Guilherme Ary Plonski (IEA), Hamilton Varela (IQSC), Hugo Tourinho Filho (EEFERP), Humberto Gomes Ferraz (FCF), João Sette Whitaker (FAU), José Antônio Visintin (FMVZ), José Leopoldo Ferreira Antunes (FSP), Joubert Lancha (IAU) , Kaline Coutinho (IF), Marcelo Duarte (MZ), Marcelo Mulato (FFCLRP), Maria Dolores Montoya Diaz (FEA), Marília Buzalaf (FOB), Mônica Dantas (IEB), Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC), Nuno Coelho (FDRP), Patrícia Gama (ICB), Paulo Martins (FFLCH), Paulo Nelson Filho (FORP), Paulo Sumida (IO), Pedro Dallari (IRI), Pedro F. Palha (EERP), Pedro Vitoriano (IQ), Reinaldo Giudici (EP), Ricardo Ivan Ferreira da Trindade (IAG), Ricardo Pinto da Rocha (IB), Ricardo Ricci Uvinha (EACH), Rosaria Ono (MP), Rui Ferriani (FMRP), Sergio Akira Uyemura (FCFRP), Sergio Muniz Oliva Filho (IME), Silvio Silvério da Silva (EEL), Tércio Ambrizzi (IEE), Thaís Maria Ferreira de Souza (Esalq), Umberto Cesar Corrêa (EEFE), Vilanice Püschel (EE).

 

Assista, a seguir, à leitura do documento, transmitida pelo Canal USP.

https://www.youtube.com/watch?v=y1LTT_fP8R8


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