Após dois anos de pandemia, a Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP dá início a uma temporada de concertos totalmente presencial. O grupo fará duas apresentações em São Paulo nos próximos dias 1° e 3 de abril, no Anfiteatro Camargo Guarnieri e na Catedral Presbiteriana de São Paulo, respectivamente.
Amplamente reconhecida no cenário cultural brasileiro, a Ocam é uma orquestra profissionalizante formada por estudantes e conduzida por Gil Jardim, maestro e docente do Departamento de Música da ECA, desde 1985. A premissa do projeto tem influência, por exemplo, na escolha de seu repertório: “Somos uma orquestra de formação, logo, nossos músicos precisam passar pelos clássicos”, diz Jardim. No programa de estreia, serão apresentadas Masques et Bergamasques, Op. 112, do francês Gabriel Fauré (1845-1924), e Concerto para Violino em Ré Maior, Op. 77, do alemão Johannes Brahms (1833-1897), peças de grande importância para o Romantismo do século 19 e o subsequente movimento modernista.
Este ano, as apresentações também contarão com o convidado Cláudio Micheletti, violinista spalla – braço direito do maestro e um dos responsáveis pela regência dos instrumentistas – da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) e da Orquestra Experimental de Repertório. A colaboração entre o músico e a Ocam foi agendada há três anos, como conta Jardim, mas precisou ser remarcada sucessivas vezes devido ao cenário incerto da pandemia.
Durante o período de isolamento imposto pelo coronavírus, as performances da Ocam ganharam vida em uma plataforma diferente da usual. Impossibilitados de ocupar os palcos, os músicos elaboraram espetáculos virtuais, transmitidos pelo canal da Ocam no Youtube. As apresentações on-line, porém, foram uma medida circunstancial e não estão nos planos do grupo para 2022, assegura o maestro. “Música é ouvir, reagir a estímulos. Por isso a orquestra precisa voltar a tocar presencialmente: os músicos precisam olhar uns para os outros e para o público.”
Prospecto para 2022
A programação para o ano ainda prevê concertos em colaboração com a artista Roberta Carvalho, natural de Belém do Pará. A temática amazônica característica dos trabalhos de Roberta será incorporada às apresentações musicais através de um repertório que remete ao canto dos pássaros e uma série de projeções de vídeo mapeadas, idealizadas pela artista. “Nós queremos que o público se sinta transportado para a floresta”, antecipa Jardim. No segundo semestre, um espetáculo com Chico César e concertos no Museu de Arte de São Paulo (Masp) entram para a agenda da Ocam. “Vai ter música clássica, música contemporânea, música brasileira, música brasileira popular, um pouco de tudo.”
A Ocam também se envolve com causas sociais. As performances inaugurais da temporada de 2022 terão entrada gratuita mediante a doação de alimentos não perecíveis, que serão redirecionados para a comunidade São Remo, vizinha à Cidade Universitária, em São Paulo. Gil Jardim pretende que as apresentações da Ocam sempre alcancem grupos socialmente marginalizados, realizando, além da entrada solidária, exibições para comunidades periféricas e moradores de rua. “Nos casos em que isso não é possível, arranjamos convites e levamos essas pessoas para as salas de concerto, uma oportunidade que elas provavelmente não teriam”, diz.
Os concertos da Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP acontecem nesta sexta-feira, dia 1º, às 20 horas, no Anfiteatro Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, em São Paulo), e no domingo, dia 3, às 17 horas, na Catedral Presbiteriana de São Paulo (Rua Nestor Pestana, 136, Consolação, em São Paulo). Nos dois concertos, a entrada é gratuita, mediante a doação de 1 quilo de alimentos não perecíveis. Mais informações estão disponíveis no site da Ocam.
