Escrito nos Estados Unidos e publicado no Rio de Janeiro pela Editora Paz e Terra, O Mito do Desenvolvimento Econômico foi uma resposta de Celso Furtado a um relatório lançado em 1972, também nos Estados Unidos, intitulado Limits to Growth (“Limites ao Desenvolvimento”). Segundo o economista, essa e outras obras sobre o mesmo tema fundavam-se na ideia, dada por evidente, de que o desenvolvimento econômico, tal como praticado pelos países que lideraram a Revolução Industrial, pode ser universalizado. “Mais precisamente: pretende-se que o standart de consumo da minoria da humanidade, que atualmente vive nos países altamente industrializados, é acessível às massas da população em rápida expansão que formam o chamado Terceiro Mundo”, escreve Furtado no primeiro capítulo de O Mito do Desenvolvimento Econômico. “Essa ideia constitui, seguramente, uma prolongação do mito do progresso, elemento essencial na ideologia diretora da revolução burguesa, dentro da qual se criou a atual sociedade industrial.”
Em sua resposta às ideias então predominantes no pensamento econômico, Furtado – de forma pioneira – faz referências à preservação do ambiente. “A evidência à qual não podemos escapar é que, em nossa civilização, a criação de valor econômico provoca, na grande maioria dos casos, processos irreversíveis de degradação do mundo físico. O economista limita seu campo de observação a processos parciais, pretendendo ignorar que esses processos provocam crescentes modificações no mundo físico”, escreve o economista, naquele mesmo capítulo. “A atitude ingênua consiste em imaginar que problemas dessa ordem serão solucionados necessariamente pelo progresso tecnológico, como se a atual aceleração do progresso tecnológico não estivesse contribuindo para agravá-los.”
O evento on-line Os 50 Anos do Ensaio O Mito do Desenvolvimento Econômico, de Celso Furtado, ocorrerá nesta quinta-feira, dia 11, das 15 hs. às 17 hs., no site do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Grátis. Não é preciso fazer inscrição. Mais informações estão disponíveis neste link. |