Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Exposição na USP mostra olhares de esperança para o planeta

Imagens da fotógrafa Alessandra Rehder estão em cartaz na Biblioteca Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária

 14/04/2023 - Publicado há 1 ano

Texto: Adrielly Kilryann

Arte: Joyce Tenório

Belezas naturais e humanas são captadas através do olhar da fotógrafa Alessandra Rehder na nova exposição da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP. Com curadoria do professor Luiz Armando Bagolin, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), também da USP, Todos os Olhos do Mundo é uma seleção de fotografias, vídeos e objetos adquiridos a partir das viagens da artista ao redor do mundo. A mostra foi inaugurada no dia 11 passado e fica em cartaz até 5 de maio. 

A paixão de Alessandra pela fotografia surgiu quando foi presenteada pela mãe com uma câmera e, aos 17 anos, realizou uma viagem para a Indonésia. Lá, a jovem paulistana se interessou por projetos sociais. Agora, vive há um ano e meio em Murrebue, ao norte de Moçambique, numa comunidade de pescadores, trabalhadores rurais e muitas crianças. Ali ela dá continuidade ao seu trabalho como ativista ao estimular atividades como pintura, fotografia e agricultura.

A fotógrafa Alessandra Rehder - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A exposição está dividida em cinco instalações, cada uma contendo diferentes obras da artista, que dialogam com o subsolo da BBM, onde se dá a mostra. O ponto de partida é uma extensa mesa quadrada, no centro do local. Sobre ela são sobrepostas centenas de fotografias em preto e branco, dentre as quais se destacam retratos de crianças que “encaram” o visitante. A mesa está posicionada sob uma abertura no teto do subsolo, o que confere às fotografias uma iluminação diferenciada do restante do ambiente. Mais à frente, um projetor revela outros registros realizados pela artista.

“Os adultos, principalmente as pessoas da cidade, acabam criando uma máscara, mas as crianças são muito puras. Então, o poder da fotografia de você captar um segundo, uma fração de sentimento que é tão real, faz você querer tomar mais conta do mundo”, afirma Alessandra ao Jornal da USP.

Outra instalação cobre uma das paredes com fotografias em relevo de mudas de plantas e pequenos pacotes com sementes. Abaixo, troncos de árvores e ferramentas manuais utilizadas por pessoas da comunidade de Murrebue contornam o rodapé da parede.

O professor Luiz Armando Bagolin, curador da mostra - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

“A artista acredita que esses olhares inocentes têm a capacidade de nos fazer pensar que é possível coabitar este planeta em harmonia uns com os outros, de modo pacífico, e também com a natureza”, destaca o curador Luiz Bagolin, explicando o título da exposição, que também nomeia uma das videoinstalações. “A associação é feita também entre as imagens das crianças e as sementes ou plantas no início de seu crescimento. Para Alessandra, arte, ecologia e ecopolítica devem andar juntas.”

A natureza é realçada também nas demais instalações. Fotografias de árvores presentes na região de Murrebue são destacadas em alto-relevo e em vídeos. “As árvores e os detalhes das folhas acabam passando despercebidos pelas pessoas no cotidiano. Eu procuro realçar a complexidade da natureza”, conta Alessandra. “O que eu mais gosto é que as pessoas param para olhar de perto. A ideia é criar uma conexão mais profunda com o espectador.”

“A imagem fotográfica, em geral, é utilizada para trazer uma memória distante. No caso da Alessandra, ela não usa fotografia de modo convencional; ela a usa como um utensílio do dia a dia”, explica Bagolin. “A imagem fotográfica traz essa proximidade, esse contato diário que ela tem com essas pessoas. Ela tenta trazer o sentimento que essas pessoas têm em relação ao lugar no qual vivem, que é um lugar pobre e que sofre o drama de uma guerra civil.”

A exposição Todos os Olhos do Mundo, de Alessandra Rehder, fica em cartaz até 5 de maio, de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3091-1154.


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