Um lugar de conexão cultural com a cidade que abre novas janelas para as artes visuais, literatura, música, dança e as manifestações artísticas em geral. Com essa proposta, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP lança Clareira, projeto que já está sendo apresentado no térreo, com a curadoria das professoras Ana Magalhães e Marta Vieira Bogéa.
Quem entra no museu logo é acolhido pela arte. E quem estiver atravessando a passarela que leva ao Parque Ibirapuera também tem a opção de parar, observar e participar. “A Clareira é o reconhecimento de um lugar peculiar no MAC, no qual do térreo, abrigado, se é visto e se vê a cidade”, observa Marta Bogéa, vice-diretora do museu e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Resulta da transparência e do sítio visível para quem está do lado de fora, vindo do Parque do Ibirapuera. Internamente, corresponde ao pé-direito duplo que articula mezanino e térreo, gesto reconhecível da bela arquitetura de Oscar Niemeyer.”
A instalação do artista Angelo Venosa abre a programação. As esculturas parecem criar raízes no chão. Crescem em direção à luz. Podem ser vistas do alto, no mezanino ou observando seus detalhes caminhando entre elas. Também chamam a atenção de quem está andando ou correndo em direção ao parque. As obras de Venosa exalam energia, convidam à contemplação. Um diálogo mútuo da arte com a cidade.
“Angelo Venosa, a partir da obra existente no acervo do MAC, irradia novos gestos, faz conviver obras da década de 80 com as mais recentes, produzidas nos anos de 2020 e 2021.”
Paulistano, Angelo Venosa, 66 anos, é um dos poucos artistas da “Geração 80” que se dedicam à escultura e se destacam na arte contemporânea brasileira. Frequentou a Escola Brasil em 1973, e em 1974 foi para o Rio de Janeiro, onde reside. Graduou-se na Escola Superior de Desenho Industrial e fez mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artista tem várias esculturas públicas instaladas no País. Em São Paulo, está no Museu de Arte Moderna (MAM), com uma obra no jardim do Parque Ibirapuera, e também na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com uma escultura no Jardim da Luz.
“Angelo Venosa, a partir da obra existente no acervo do MAC, irradia novos gestos, faz conviver obras da década de 80 com as mais recentes, produzidas nos anos de 2020 e 2021”, observa Marta Bogéa. “Em uma delas, atravessa interior e exterior e organicamente vibra toda a paisagem ao redor, dentro e fora, atravessados pela obra.”
O público pode conferir em Clareira desde esculturas históricas, como a Sem Título, de 1987, que integra a coleção do MAC, até trabalhos atuais que estiveram em exibição, de abril a maio deste ano, na mostra Quasi, individual do artista na Galeria Nara Roesler, em sua sede carioca.
Venosa destaca-se como um dos maiores escultores em atividade no Brasil. A trajetória de Angelo Venosa inclui passagens pela Bienal de São Paulo (1987), Arte Brasileira Século XX (1987, Musée d’Art Moderne de La Ville de Paris), Bienal de Veneza (1993) e Bienal do Mercosul (2005). Em 2012, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou uma exposição individual para comemorar seus 30 anos de carreira. A mostra percorreu o País e, em São Paulo, foi exibida na Pinacoteca do Estado.
“Um lugar de troca e encontros onde as obras são vistas em uma sequência de ações e constituem ótima razão para um cotidiano no MAC.”
“A programação de Clareira propõe que seja um espaço para as artes, não apenas visuais, mas literatura, música, cinema, performance, dança”, destaca a curadora Marta. “Um lugar de troca e encontros onde as obras são vistas em uma sequência de ações e constituem ótima razão para um cotidiano no MAC.” Todos estão convidados a vir toda quinta-feira, às 19 horas, para compartilhar as ações do projeto Clareira, em número criteriosamente regrado, com protocolos rigorosamente seguidos.
O nome e o sentido do projeto Clareira estão ligados ao seu significado em tupi, baependi. “Ou seja, uma área de pouca vegetação, de vegetação rasteira localizada no interior de uma floresta ou de um bosque”, explica Marta. “Sua conformação é fundamental para a renovação da floresta e para sua diversidade, pois ela funciona como uma espécie de celeiro. Ali, as novas espécies podem emergir e as existentes garantem sua sobrevivência e germinação.”
Nessa busca de renovação, o MAC segue os desafios da diversidade cultural. A programação alterna ações pontuais nas noites de quinta-feira, intercaladas com duas instalações de artes visuais que perduram no tempo. Ao longo de 2021, os artistas e coletivos que irão configurar a Clareira no MAC são: São Paulo Companhia de Dança, Teatro da Vertigem, Noemi Jaffé, Joel Pizzini, Livio Tragtenberg, Eduardo Monteiro, Angelo Venosa, Marcos Gallon, Ana Amorim, DC, Elilson, Julián Fuks, Natalia Timerman, Cristina Elias, César Meneghetti, Eugenio Puppo, Daniel Munduruku, Sonora e Lucia Koch. A programação completa está disponível no site do MAC.
A instalação de Angelo Venosa, que integra o projeto Clareira, pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10 às 19 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (Avenida Pedro Álvares Cabral, 130, Ibirapuera, em São Paulo, telefone 11 2648-0254). Entrada grátis. É necessário fazer agendamento através deste link. Mais informações estão disponíveis no site do MAC.