Dois terços (66%) das mutações que levam as células a se tornarem cânceres têm origem aleatória, por erros no momento da duplicação celular. É o que publicaram Cristian Tomasetti, Lu Li e o geneticista Bert Vogelstein, da Universidade Johns Hopkins, na última edição da revista Science.
As outras alterações que originam um câncer vêm de fatores ambientais, como sol, poluição, consumo de certos alimentos e fumo (29%), ou são hereditárias (5%). Esses números são uma média para 32 tipos de tumores.
Ao analisar cada tecido específico, há variações. No caso da doença no pulmão, por exemplo, 70% das mutações em homens são relacionadas ao ambiente – principalmente fumo. Já nos cânceres de osso, 99% das alterações são aleatórias, chamadas também de replicativas.
[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=WXPkMBuFYpI[/embedyt]
Repercussão
O médico oncologista Roger Chammas, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), explica que este trabalho atualiza e amplia outra pesquisa publicada pelo grupo do geneticista em 2015.
Na época, o estudo foi polêmico porque questionou a abordagem vigente de que os cânceres seriam provocados principalmente pelo estilo de vida e pelas condições ambientais. A repercussão na mídia também foi negativa, levando à sensação de que haveria pouco o que fazer para evitar os tumores.
Roger Chammas esclarece que, por ser uma doença complexa, o câncer pode, sim, ser prevenido em boa parte dos casos. Outra ferramenta importante é a detecção precoce dos tumores, para aumentar a chance de um tratamento bem sucedido.