Você sabia que existem células que produzem pequenas bolsas cheias de substâncias que ajudam a formar e consertar estruturas do corpo humano como os ossos e os dentes? Essas bolhas são chamadas de vesículas mineralizantes, tema do livro Mineralizing Vesicles: From Biochemical and Biophysical Properties to Their Roles in Physiology and Disease, que reúne esforços de mais de dez anos na produção de novos conhecimentos sobre o assunto, através de uma colaboração entre especialistas de diferentes faculdades da USP em Ribeirão Preto com pesquisadores do exterior.
O livro aborda o funcionamento das vesículas extracelulares (VEs), estruturas que saem das células e levam dentro delas outras moléculas, como gorduras, proteínas e pedaços de DNA e RNA. “São formadas pelo brotamento da membrana de células com capacidade de formar mineral, como é o caso dos osteoblastos nos ossos, condrócitos na cartilagem, por exemplo”, explica o professor Pietro Ciancaglini do Departamento de Química da faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um dos responsáveis pelo trabalho.
Além de elucidar os conhecimentos sobre as vesículas extracelulares, conta o especialista, a publicação também desdobra o papel importante das vesículas da matriz (MVs) na constituição óssea em seres vertebrados.
O que mais o livro aborda?
Em seus 14 capítulos, o livro explica como as vesículas mineralizantes são importantes em várias funções do corpo e como estão envolvidas em doenças que afetam ossos, dentes, coração e articulações. Também analisa como essas vesículas podem contribuir para a calcificação vascular, que é o acúmulo de minerais nas artérias, levando a problemas como aterosclerose, infarto e derrame, além da relação com a osteoartrite (quando a cartilagem das articulações se desgasta, provocando dor e inflamação).
Alguns capítulos discutem as substâncias químicas essenciais para a mineralização, enquanto outros exploram o papel do cálcio e do fósforo nas vesículas, como afetam os ossos e promovem doenças. Os capítulos finais detalham métodos de estudo, além do potencial de aplicações para a regeneração dos ossos.
Segundo Ciancaglini, o grupo de pesquisa atualmente prioriza a investigação de quais substâncias estão presentes na membrana e no interior das vesículas. Com esse conhecimento, observam o funcionamento das MVs (vesículas mineralizantes) e os mecanismos que controlam suas atividades, informações que devem ser fundamentais para o desenvolvimento de novas aplicações terapêuticas.
“Tendo este conhecimento disponível, várias estratégias de aplicação poderão ser planejadas, desde o uso das vesículas como carreadoras de enzimas que estão faltando em alguma patologia, por exemplo”, complementa o professor.
O livro é resultado do projeto de pesquisa Investigação do papel de vesículas extracelulares (VEs) na iniciação, propagação, regeneração e modelação da mineralização biológica, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenado pelos professores Pietro Ciancaglini e Ana Paula Ramos, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
O projeto conta com a participação de outros professores da universidade, como Mayte Bolean (FFCLRP), e Sandra Y. Fukada, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), como também de colaboradores de países como Itália, Polônia, França e Estados Unidos.
Onde encontrar?
O livro foi publicado em 2023 pela editora Elsevier/Academic Press, em língua inglesa, com 446 páginas. Ele pode ser adquirido pelo site da Amazon. Os capítulos da pesquisa também estão disponíveis separadamente no site da Science Direct, neste link.
Mais informações: Ana Paula Ramos, e-mail anapr@usp.br; e Pietro Ciancaglini, e-mail pietro@ffclrp.usp.br.
*Estagiário sob supervisão de Ferraz Junior
