Existem diferentes tipos de terapia, o ideal é procurar saber a diferença entre elas e escolher a mais indicada para o tratamento que se deseja. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental como um estado de bem-estar, muito mais do que apenas a ausência de doenças mentais. Nesse sentido, a terapia passa a ter grande papel para o alcance da saúde mental, desde psicoterapias até terapias integrativas.
Como em qualquer atividade profissional, no âmbito das terapias também são necessárias formações e especializações para exercer o trabalho. O professor de Psicologia Sérgio Kodato, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que, para ser psicoterapeuta, é necessário ter graduação em Psicologia e especialização em alguma tendência, linha teórica ou linha teórica prática que seja reconhecida pelo Conselho Regional de Psicologia. Por exemplo, a abordagem terapêutica do professor Kodato está relacionada à arteterapia, uma forma de terapia baseada em técnicas expressivas.
“As técnicas expressivas, com desenhos, argilas, não só ajudam na elaboração e expressão dos conflitos emocionais, mas também estimulam os potenciais e principalmente a criatividade. Desenvolvendo a criatividade enfrentamos os velhos problemas de uma forma criativa”, afirma Kodato.
Segundo ele, essa terapia difere das terapias integrativas pela questão, principalmente, da noção de inconsciente – uma região não consciente onde se depositam traumas e conflitos, mas também os potenciais e talentos – formulada pelo “pai da psicanálise”, Sigmund Freud, “enquanto que as terapias integrativas se baseiam muito mais na questão da energia, do autoconhecimento, do relaxamento e da expansão da consciência”, esclarece o professor.
Já a formação em terapias integrativas se dá através de diversos cursos, até mesmo em faculdades, como explica o terapeuta integrativo e ambiental Mateus Porto. Segundo ele, hoje existem vários veículos de educação que oferecem formações de terapias integrativas, dentre elas, faculdades, grandes centros de educação, que as oferecem até como uma extensão universitária, e alguns cursos reconhecidos pelo MEC.
O reiki, a acupuntura, a reflexologia, a aromaterapia, entre muitas outras práticas, são consideradas terapias integrativas. “Vale ressaltar que muitas delas, desde 2017, foram aceitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como terapias integrativas complementares à terapia tradicional. Hoje existe no Sistema Único de Saúde (SUS) vários núcleos, sejam em hospitais de grande base ou em pontos de saúde, essas práticas sendo oferecidas como práticas complementares à medicina tradicional”, pontua.
Escolhendo a abordagem
Segundo o professor, a determinação sobre o tipo de terapia mais adequada é resultado da relação entre o psicoterapeuta e o paciente. “Nós colocamos, expomos ao paciente uma análise das possíveis causas dos conflitos e problemas que porventura ele esteja enfrentando, e discutimos nesse contexto as diversas abordagens terapêuticas”, explica o professor.
Nesse processo de direcionamento também são apresentadas as terapias integrativas. Kodato adianta que as terapias alternativas podem ajudar na elaboração da problemática do conflito. “Os conflitos humanos são complexos e multifatoriais. Eles se devem a múltiplos fatores e exigem portanto múltiplos tratamentos, múltiplas formas de abordagem”, declara.
Além disso, Porto apresenta um fator determinante para a terapia: o vínculo entre paciente e profissional. “Porque se a pessoa não se sente confiante com esse espaço e com esse terapeuta, dificilmente ela vai trazer suas questões ou aceitar sugestões”, aponta. Ele coloca ainda que, para cada dimensão, existe a sua ferramenta e o seu veículo apropriado e, quando esse campo de confiança é criado, é possível realizar um trabalho com excelência. “Naturalmente a gente vai mostrando que a mesma força com que a pessoa criou essa desarmonia, essa doença na vida dela, ela tem as ferramentas necessárias para poder transformar e promover novamente a saúde e harmonia”, declara o terapeuta.
*Sob supervisão de Ferraz Júnior
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