Além do cuidado com a informação utilizada, a influência dessa tecnologia no aprendizado é um motivo de atenção - Foto: Freepik

Uso do ChatGPT na saúde precisa ser medido e discutido

Aplicação conjunta de tecnologia e saúde pode ser construtiva se for equilibrada, diz Carlos Vicente Serrano Júnior

 01/03/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 20/03/2023 as 13:59

Texto: Redação
Arte: Carolina Borin Garcia

O ChatGPT é uma inteligência artificial conhecida como chatbot, em português pode ser traduzido como “robô de bate-papo”. O diferencial deste para outros é sua boa capacidade de manter a coerência das respostas, uma conversa sem perder o nexo por mais tempo e a formulação de textos muito similares aos dos humanos.

O impacto dessa tecnologia na área da saúde pode ser abordado em alguns aspectos, como coloca o professor Carlos Vicente Serrano Júnior, coordenador da Comissão de Cultura e Extensão Universitária da Faculdade de Medicina da USP. “O impacto do Chat tem vários aspectos na saúde: desde o ensino médico na faculdade, como é que a gente ensina para alunos? O que os alunos estão aprendendo? Como eles podem aplicar essa nova tecnologia também?; até a pesquisa, como é que esse tipo de linguagem pode estar influenciando a pesquisa médica? Também temos relação com o cuidado do paciente, a assistência, se isso tem impactos positivos ou negativos.”

Informação

Como dito, o ChatGPT pode responder às mais diversas questões, porém, de onde as informações são retiradas é uma das preocupações, sobretudo dos professores: “O nome já diz muita coisa: é um chat, é uma conversa. A gente tem que entender isso e, tendo isso em mente, a gente precisa ver de onde vêm as informações e o jeito que a gente faz as nossas perguntas para a tecnologia. Tudo isso tem que ser levado em conta”, explica o professor.

Serrano Júnior ainda acrescenta que as referências do chatbot, diferentemente de quando é feito um levantamento de dados, ficam em aberto e é preciso tomar muito cuidado ao usar essas informações. Isso pode ser levado para o ponto de vista ético: “É uma preocupação dessa parte ética, quando isso passa para trabalhos e alunos durante a faculdade, em escolas também”, pontua o especialista.

Equilíbrio

Além do cuidado com a informação utilizada, a influência dessa tecnologia no aprendizado é um motivo de atenção, como ressalta Serrano Júnior: “Em vez de treinar o raciocínio, de estudar, de ir atrás de referências, esse trabalho intelectual muitas vezes se perde quando você usa esse tipo de recurso. Ele fica muito fácil e prático, então, a gente não está avaliando bem o aluno e o aluno não está sendo treinado. É um ponto que a gente precisa entender: como o aluno vai poder usar esse recurso?”. Porém, o ChatGPT não possui somente impactos preocupantes.

“Como toda a tecnologia nova, a gente tem que aprender a usar e tentar usar sempre para o bem, como nosso aliado, e tomar cuidado para não ter certas ameaças. Às vezes, ele pode dar uma iniciativa para um raciocínio e ajudar no início de um texto, mas não substitui o texto, não pode ser a única fonte disso. Ela não substitui o ser humano, tem alguns pontos que não são substituídos pelo trabalho, por exemplo, a empatia e a criatividade. Isso é muito importante e a inteligência artificial não faz”, coloca ele. O uso dos conhecimentos do ChatGPT deve ser feito com parcimônia para que, sobretudo os alunos, não dependam somente dessa ferramenta e não se acomodem com esse recurso. 

Carlos Vicente Serrano Junior - Foto: Lattes

Serrano Júnior também é organizador do ChatGPT na Saúde: Impactos no ensino médico, na pesquisa e nos cuidados com o paciente. O evento ocorre de forma on-line dia 20 de março, das 18h às 20h, e terá transmissão pelo canal do YouTube da Cultura e Extensão da Faculdade de Medicina da USP. “É muito interessante a gente estar discutindo isso e não ficar só focado em especialidades. É um assunto geral, a população, as famílias estão falando, e, agora, a nossa preocupação entrando no nível de ensino e atendimento dos pacientes. Todo mundo está aprendendo para seguir o melhor caminho, o positivo”, diz o professor.


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