Pacientes com doenças cardíacas foram gravemente afetados durante pandemia

Segundo Sérgio Timerman, tratamentos envolvendo hipertensão arterial ou diabete foram parcial ou totalmente interrompidos, o que deve contribuir para aumentar o número das cardiopatias até 2025

 29/09/2020 - Publicado há 4 anos
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Nesta terça-feira (29), comemora-se o Dia Mundial do Coração, celebração que tem o intuito de conscientizar a população sobre problemas cardiovasculares e incentivar a adoção de hábitos saudáveis com relação a exercícios e alimentação, ou seja, uma mudança no estilo de vida.

Com a chegada da covid-19, os acometimentos ao coração ganharam uma nova configuração, pois as duas doenças em conjunto podem prejudicar, e muito, a saúde de um indivíduo. “As doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as que acometem o coração, como a hipertensão, diabete e emergências cardiovasculares, foram gravemente afetadas desde o início da pandemia”, comenta Sérgio Timerman, diretor do Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Por exemplo, tratamentos envolvendo hipertensão arterial, diabete ou câncer foram parcial ou totalmente interrompidos devido à pandemia. Com essas interrupções, estima-se que a carga global em torno dessas doenças aumentará em 17% até 2025.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o médico também fala sobre a nova diretriz de oncocardiologia, já que cada vez mais ocorrem doenças cardiovasculares em pacientes com câncer. “A Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o objetivo de enfatizar a importância de uma abordagem racional dessas complicações no paciente oncológico, fez uma nova recomendação, uma nova diretriz, para que a gente possa desmistificar a visão da doença cardíaca como uma barreira no tratamento efetivo do paciente com câncer, prevenindo e reduzindo o risco da cardiotoxicidade”, explica Timerman. Ao fazer isso, as duas especialidades (cardiologia e oncologia) podem interagir em busca da melhor estratégia terapêutica para esse tipo de paciente.         

Para Sérgio Timerman, uma mudança no estilo de vida pode ser mais importante do que qualquer medicamento em específico. Essa fala tem base em pesquisas internacionais, que mostram que o tratamento não medicamentoso é fundamental, ao passo que, se o tratamento medicamentoso não for feito junto com esses hábitos mais saudáveis, o paciente não alcançará o resultado desejado. Doenças relacionadas ao coração são as que mais matam ao redor do mundo, sendo o motivo principal de óbitos também no Brasil. Para base de comparação, há anos morrem de 700 a 800 pessoas diariamente devido a esse tipo de doença, um número preocupante e que as pessoas se acostumaram a ver diariamente, mas relacionado às mortes por coronavírus.

“Quando nós temos o fator genético, o fator hereditário, de um familiar que tenha tido algum problema cardiovascular antes dos 60 anos, já devemos ficar em alerta. A gente fala que isso é um fator de risco não modificável. Porem, existem todos os outros fatores de risco que são passíveis de serem modificados”, conclui o doutor ao comentar sobre questões comportamentais que podem ser alteradas.

Saiba mais ouvindo a entrevista completa no player acima.


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