A coalizão liderada pelo governo da Arábia Saudita no Iêmen afirmou que o armamento utilizado no ataque a instalações da petroleira Aramco foi fabricado no Irã. O regime iraniano nega. A ofensiva, ocorrida no sábado, reduziu o abastecimento de petróleo no mundo e despertou o temor de uma escalada militar entre os Estados Unidos e o Irã. O Jornal da USP no Ar discutiu o assunto com Alberto do Amaral Júnior, professor do Departamento de Direito Internacional da Faculdade de Direito (FD) da USP.
A Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo, além de um membro importante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O ataque fez a produção de petróleo da Arábia Saudita cair pela metade e elevou os preços do produto em todo o mundo. O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou que seu país não necessita do petróleo ou do gás do Oriente Médio. Trump disse que está disposto a ajudar a Arábia Saudita, mas também declarou que gostaria de “evitar” uma guerra com o regime de Teerã.
“A reação dos Estados Unidos parece ser um tanto quanto dúbia”, comenta Amaral Júnior, e avança: “O governo norte-americano elevou ao máximo a pressão no Irã; mas vale lembrar que um dos defensores de uma intervenção militar no Irã deixou a administração Trump, o diplomata John R. Bolton”. O professor do Departamento de Direito Internacional esclarece que o mesmo vale para o próprio Trump, que alegou estar pronto para uma ação militar no Irã, mas logo retrocedeu, manifestando cautela.
Trata-se de uma crise com bastante incertezas, envolvendo vários agentes como a Rússia, China e Turquia, que já se posicionaram contra qualquer ação militar estadunidense contra o Irã. Na visão de Amaral Júnior, há três cenários possíveis: A não intervenção militar por parte dos EUA, mas sim o endurecimento de embargos e medidas de cunho econômico contra o Irã; uma ação militar isolada, contra alguma instalação específica, e a escalada do conflito, podendo envolver outros países como Rússia e, até mesmo, Israel.
A economia global é dependente do petróleo e qualquer desfecho mais dramático pode impactar negativamente o nível de crescimento mundial, aponta o professor. No Brasil, os impactos podem ir de maiores ganhos com o leilão do Pré-Sal ao aumento do preço da gasolina e, consequentemente, elevação inflacionária.
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