Nascimento de ararinha-azul no Brasil é marco para o futuro da espécie

Considerada extinta desde o começo do século 21, o nascimento de um filhote em 2021, na Caatinga da Bahia, pode ser visto como um sucesso

 29/06/2021 - Publicado há 3 anos
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A ararinha-azul é considerada extinta no Brasil desde o início dos anos 2000 – Foto: Herton Escobar – Flickr

 

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Em abril, o primeiro filhote de ararinha-azul nasceu na região da Caatinga baiana. O evento ocorreu um ano após a chegada de 52 ararinhas que se encontravam em um criatório na Alemanha. Com isso, o nascimento de um novo filhote marca um importante capítulo na busca pela reintrodução da espécie na natureza.

A ararinha-azul é considerada extinta no Brasil desde o início dos anos 2000, quando foi vista pela última vez em território brasileiro. De lá para cá, ela passou a existir somente em cativeiros privados. “O nascimento do primeiro filhote de ararinha-azul na Caatinga é um marco histórico. Ter esse centro de reprodução na Caatinga e araras começando a se reproduzir interagindo com as aves da natureza é extremamente importante e significa um alento e um futuro azul para a Caatinga”, afirma a doutora Neiva Guedes, do Instituto Arara-Azul.

Espécie ameaçada

A extinção da ararinha-azul esteve ligada ao tráfico de animais e à perda de hábitat, que, até hoje, são alguns dos principais fatores que corroboram para a extinção de espécies. “A maior ameaça das espécies é o que chamamos de perda de hábitat, que é a perda do ambiente natural onde a espécie ocorre. Essa alteração do ambiente pode chegar ao ponto que esse ambiente já não é mais educado para a existência da espécie. Com isso, podemos chegar a pequenos remanescentes desse ambiente adequado onde a espécie consegue sobreviver. Infelizmente, a grande maioria da perda de habitat é causada pela ação humana”, explica a professora Cristina Yumi, do Instituto de Biociências da USP.

Para proteger a espécie, ararinhas-azuis encontravam-se em um cativeiro alemão, a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), que assinou uma parceria com o governo brasileiro. A repatriação das aves faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-Azul, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).

Um processo de controvérsias

Às vezes, a reprodução não tem sucesso porque o par não se gosta – Foto: Herton Escobar – Flickr

 

É importante mencionar, porém, que as lideranças da organização alemã, também responsáveis por custear a vinda das ararinhas, já foram alvos de investigação, em 2018 e 2019, com relação ao envolvimento com o tráfico de animais silvestres e incertezas sobre o financiamento da organização. Apesar de importantes na preservação de espécies em extinção – tinham em seu poder 90% das ararinhas-azuis existentes no mundo -, especialistas destacam a importância da transparência por parte da organização: “Espero que isso não volte a ocorrer e que as instituições que estão colaborando para a conservação desta arara e a devolução dela para a natureza sejam como têm sido até agora, cada vez mais transparente”, afirma a doutora Neiva.

O nascimento do filhote em 2021, na Caatinga da Bahia, pode ser considerado um sucesso. Isso porque, garantir que uma espécie se reproduza, não é uma tarefa tão fácil. A professora Cristina explica o que está por trás desse processo: “Esse sucesso reprodutivo depende de condições nutricionais e de saúde de cada indivíduo e, no caso de algumas espécies, é necessário também que os indivíduos tenham compatibilidade. Ou seja, eles têm que ter alguma ligação afetiva. Às vezes, a reprodução não tem sucesso porque o par não se gosta”. De acordo com o planejamento divulgado há pelo menos um ano, as ararinhas-azuis devem ser reintroduzidas na natureza ainda este ano, após um período de quarentena para adaptação e treinamento.


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