A tuberculose mata 14 pessoas por dia no Brasil, segundo dado recente divulgado pelo Ministério da Saúde. Em 2021, foram mais de 5 mil mortes e, em 2022, o País registrou 78 mil novos casos, cenário que motivou a criação da recente Campanha Nacional de Combate à Tuberculose.
Panorama geral
Segundo Olavo Henrique Leite, médico da Clínica de Moléstias Infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, a tuberculose não deve ser classificada como uma doença emergente ou reemergente. Na realidade, é uma doença que reincide na população periodicamente.
São dois tipos de manifestação da doença: “Quando eu tenho aquela tuberculose clássica do pulmão, o diagnóstico é relativamente tranquilo, o problema são os pacientes que têm apresentação da doença fora do pulmão, a chamada extrapulmonar, com destaque importante para a cabeça, no sistema nervoso central, e para os ossos e articulações”, diz o médico. A última pode justificar parte da taxa de mortalidade registrada.
Ele ainda explica que a pandemia de covid-19 foi um fator que aumentou os casos de tuberculose: “O que a gente tem observado, provavelmente pelo impacto da pandemia e, de uma certa forma, pela desestruturação de muitos serviços de saúde, foi um certo aumento [de casos da tuberculose]”.
Leite aponta ainda que países em desenvolvimento, especialmente os do sul global, são os mais afetados. O Brasil, no entanto, é classificado como relativamente estável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a doença é curável em 98% dos casos, o que não anula a necessidade de cuidado e atenção quanto aos sintomas.
Sintomas e prevenção
A tuberculose pulmonar, que totaliza 70% dos casos da doença, apresenta sintomas como tosse, febre e emagrecimento. Tais sinais, em especial a tosse com mais de duas semanas de duração, não podem ser ignorados e devem ser investigados o mais rápido possível. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é disponibilizado um teste rápido e gratuito para tuberculose, com sensibilidade de até 97%.
A única vacina disponível para tuberculose é a BCG, aplicada no primeiro mês de vida. Não existe vacinação para adultos de 30 a 50 anos, que representam a população mais atingida pela doença. No entanto, um diagnóstico ágil e a adesão ao tratamento são soluções para o problema: “Nós precisamos fazer o diagnóstico o mais rápido possível e iniciar o tratamento, porque, se você fizer isso, você corta a transmissão da doença. Quem transmite a tuberculose é alguém com tuberculose no pulmão e é esse indivíduo que nós temos que detectar”.
Vale ressaltar que o tratamento da doença é extenso e dura no mínimo seis meses e que, após o diagnóstico, é importante monitorar a situação do paciente de perto até que se observe uma cura. O médico acrescenta que grupos sociais mais vulneráveis, como usuários de drogas e encarcerados, simbolizam boa parte dos que não concluem o tratamento.
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