Check-up, benefício à saúde que pode se tornar problema com excesso de exames

Diretor do Serviço de Clínica Geral do HC, Arnaldo Lichtenstein diz que a prioridade é “mais conversa e menos exames”

 13/04/2023 - Publicado há 1 ano
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Para a maior parte das pessoas, uma consulta é o suficiente, sem a necessidade da repetição de exames – Foto: Freepik

 

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O conceito de check-up é o de promoção da saúde, que ocorre quando a pessoa não tem uma queixa específica, mas não deseja ter doenças no futuro. É o que diz Arnaldo Lichtenstein, clínico geral e diretor técnico do Serviço de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo o médico, a idade indicada para começar a fazer check-up é a partir da idade adulta, 18 anos. As crianças também acabam realizando a prevenção, uma vez que realizam exames e passam pelo pediatra desde o nascimento. O check-up serve para detectar algumas linhas de doenças, como lembra o clínico geral. “As oncológicas, em que alguns tipos de cânceres serão detectados; cardiovasculares, para prevenir infarto, derrames; doenças metabólicas, como diabete, colesterol alto; psicológicas, para identificar estresse, depressão; problemas comportamentais, como hábitos de vida; e até infecciosas, sexualmente transmissíveis.”

Mais conversa e menos exames, este deve ser o conceito do check-up. O excesso de exames pode ser prejudicial à saúde. “Se a gente fizer mais exames do que é cientificamente comprovado, a gente vai começar a achar problemas onde eles não existem. O exame pode vir alterado, sem que  necessariamente isso signifique problema de saúde. Aí começam os exageros. Fazer tomografias, ressonâncias para todo mundo a qualquer preço, isso vai trazer resultados alterados sem significar doença. Existe uma linha bem definida pelas pesquisas, pela ciência, do que deve ser feito para cada pessoa.” Os antecedentes familiares ajudam muito no direcionamento de exames. Cânceres na família e infartos podem antecipar a solicitação de exames.

Periodicidade anual

Arnaldo Lichtenstein – Foto: Oscar Jupiraci/Câmara Municipal de
São Bernardo do Campo

O check-up deve ser feito anualmente. Para a maior parte das pessoas, uma consulta é o suficiente, sem a necessidade da repetição de exames. Nós estamos falando, por exemplo, se uma colonoscopia vier normal depois dos 45 anos, a gente pode repetir de cinco a dez anos depois. A glicemia anualmente, o colesterol, eventualmente, anualmente também, se estiverem normais. Ou seja, para cada exame, para cada pessoa, a periodicidade de repetição é importante.”

Muitos brasileiros não têm a rotina de ir ao médico, mas há quem se preocupe com a saúde, que atualmente tem um conceito muito mais amplo, diz Lichtenstein. “Normalmente ele vai quando sente alguma coisa, mas felizmente não é a totalidade, muita gente está realmente preocupada com a sua saúde, e saúde não é só a ausência de doença. O conceito de saúde é muito mais amplo, a ponto de a Organização Mundial da Saúde falar que é o bem-estar biopsicossocial. É nessa linha que a promoção da saúde age.”


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