O Brasil vive uma situação de agravamento da pandemia, com um período muito prolongado de altas taxas de casos, óbitos e o colapso do atendimento nos hospitais públicos e privados. Segundo Jean Gorinchteyn, secretário de Estado da Saúde de São Paulo, o Estado de São Paulo pode chegar a 800 mortes diárias.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina (FM-USP) e do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, afirma que estamos vivendo o pior momento da nossa vida sanitária da história.
Boulos comenta que as medidas mais rígidas de restrição deveriam ter sido adotadas antes, já que modelos matemáticos já indicavam o colapso do sistema de saúde no fim de fevereiro. “A situação é dramática, nós não temos o que fazer, a única possibilidade é o cidadão se conscientizar”, afirma o professor ao comentar que parte significativa da população não está respeitando as restrições.
Ele afirma que, em agosto, poderemos alcançar a marca de 500 mil mortos, caso a situação da pandemia se mantenha no estágio atual. Além disso, Boulos menciona a condução da crise sanitária por parte do governo federal, que não liderou as medidas e protocolos de combate ao coronavírus.
Esperança é a vacinação em massa
“A situação vai piorar, não tem alternativa”, afirma o professor. “Nós já somos exemplo para o mundo do que não deve ser feito”, completa. A esperança é que, com a vacinação em massa, o pico da doença seja em maio e depois disso haja tendência de queda. “A única maneira de resolver a situação agora é as pessoas se distanciarem, não participarem de aglomeração e usarem máscara”, afirma Boulos.
O professor finaliza ao comentar que as medidas mais restritivas devem ser adotadas quando a população não respeita as normas. O lockdown é uma possibilidade, entretanto, é uma medida que requer grande mobilização, inclusive do Exército, para que haja fiscalização.
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