“Estamos vivendo o pior momento da nossa vida sanitária da história”, afirma Marcos Boulos

De acordo com ele, o Brasil já é exemplo para o mundo do que não deve ser feito

 22/03/2021 - Publicado há 3 anos
Medidas mais rígidas de restrição deveriam ter sido adotadas antes, já que modelos matemáticos indicavam o colapso do sistema de saúde no fim de fevereiro – Foto: Pixabay

 

O Brasil vive uma situação de agravamento da pandemia, com um período muito prolongado de altas taxas de casos, óbitos e o colapso do atendimento nos hospitais públicos e privados. Segundo Jean Gorinchteyn, secretário de Estado da Saúde de São Paulo, o Estado de São Paulo pode chegar a 800 mortes diárias.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina (FM-USP) e do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, afirma que estamos vivendo o pior momento da nossa vida sanitária da história.

+ Mais

“O Brasil exige respeito”: carta aberta de economistas pede medidas efetivas de combate à pandemia

Boulos comenta que as medidas mais rígidas de restrição deveriam ter sido adotadas antes, já que modelos matemáticos já indicavam o colapso do sistema de saúde no fim de fevereiro. “A situação é dramática, nós não temos o que fazer, a única possibilidade é o cidadão se conscientizar”, afirma o professor ao comentar que parte significativa da população não está respeitando as restrições.

Ele afirma que, em agosto, poderemos alcançar a marca de 500 mil mortos, caso a situação da pandemia se mantenha no estágio atual. Além disso, Boulos menciona a condução da crise sanitária por parte do governo federal, que não liderou as medidas e protocolos de combate ao coronavírus.

Esperança é a vacinação em massa

“A situação vai piorar, não tem alternativa”, afirma o professor. “Nós já somos exemplo para o mundo do que não deve ser feito”, completa. A esperança é que, com a vacinação em massa, o pico da doença seja em maio e depois disso haja tendência de queda. “A única maneira de resolver a situação agora é as pessoas se distanciarem, não participarem de aglomeração e usarem máscara”, afirma Boulos.

O professor finaliza ao comentar que as medidas mais restritivas devem ser adotadas quando a população não respeita as normas. O lockdown é uma possibilidade, entretanto, é uma medida que requer grande mobilização, inclusive do Exército, para que haja fiscalização.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.