Dia 18 de maio é o Dia Internacional dos Museus. O objetivo desta data é incentivar a população ao hábito de visitar e apreciar os museus, seja de arte, arqueologia, zootecnia ou história. Ao todo, o Brasil possui mais de 3.700 museus, sendo 65% deles públicos, entre os quais 456 federais. A Universidade de São Paulo, por exemplo, tem 45 museus, com cerca de 36 milhões de peças.
Os museus são espaços culturais. Mas, para além dessa sua qualidade visível a todos, o que muitos visitantes talvez não se deem conta é que os museus também são importantes espaços de pesquisa. Isso em qualquer latitude. As coleções que os museus tanto no Brasil quanto no exterior apresentam a seu público muitas vezes são uma parte mínima de seu acervo. Muitas vezes, é justamente essa parte não visível de um acervo que serve para pesquisas nas mais diferentes áreas do conhecimento.
Mas o quanto os museus, no Brasil, são valorizados? Como eles se mantêm diante de crises financeiras que acabam por negligenciar a cultura?
Para falar sobre a importância dos museus como espaço cultural e de pesquisa, o Diálogos na USP recebeu os professores Carlos Roberto Brandão, diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP, o MAC, e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura, e Solange Ferraz Lima, professora e diretora do Museu Paulista da USP.
O professor Carlos Brandão ressaltou a expressividade do número de museus no Brasil, mas também apontou para o fato de que, dos 5.500 municípios brasileiros, apenas 1.200 possuem museus. Isto gera uma grande preocupação, já que “os municípios que não têm museus também têm sua história, mas não têm como garantir esta memória”. Mesmo que seja economicamente inviável ter um museu por cidade, “temos que ter uma política para garantir que essas memórias sejam preservadas”, afirmou Brandão.
Para Solange Ferraz, o Dia Internacional dos Museus não deve apenas ser celebrado, mas sim tratado como um “dia para pensar para que servem os museus e que funções eles cumprem na sociedade”. A professora relembrou que a data também é marcada por diversas atividades em várias instituições, “eventos debatendo as políticas de amparo aos museus e da cultura material, que é o que nos diferencia de outras instituições de pesquisa e ensino”.
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Brandão também salientou a importância dos museus para pesquisas, função que normalmente não chega ao público, mas que é fundamental, principalmente nos museus universitários. “A pesquisa é fundamental, até para justificar nossa própria existência”, disse. O professor também comentou que as investigações feitas por essas instituições “não se limitam ao seu próprio acervo, mas também pesquisas de público e museologia”.
A professora Solange Ferraz também destacou a importância da pesquisa nos museus universitários,principalmente na formação de alunos. “Embora não sejamos, dentro da Universidade, unidades de ensino, nós fazemos parte dessa função complementar, que é permitir que alunos de diversos departamentos e diversas áreas possam participar e entender o que é um trabalho curatorial, porque ele é transdisciplinar”, afirmou.
O Diálogos na USP tem apresentação de Marcello Rollemberg, produção da Editoria de Atualidades do Jornal da USP e da Rádio USP e trabalhos técnicos de Rafael Simões.