O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o agrônomo André Guimarães e com o pesquisador Paulo Moutinho, respectivamente diretor executivo e pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), sobre o desmatamento na floresta amazônica e o desmonte do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo o diretor executivo do Ipam, o nível do desmatamento na floresta amazônica vem crescendo há cerca de oito anos. Diz que, no ano passado, houve um aumento de 20% da degradação em relação ao período anterior e que, neste ano, o índice já cresceu mais 25%.
A degradação vem chamando a atenção do mundo para o Brasil e Moutinho conta que investidores têm se movido para cobrar medidas de proteção ambiental mais eficazes por parte do governo. “Na questão do investimento, de imagem, já tem surgimento de carta de investidores; é óbvio que, se você olhar um pouco para trás, o investimento ainda é grande, mas há uma tendência de mudança de investidores em olhar o País como um risco e isso precisa estar muito na conta.”
Para Guimarães, sobre a degradação de anos anteriores, o atual governo podia afirmar não ter culpa, mas “neste ano essa desculpa não vale mais”. Moutinho explica que pesquisadores têm apontado para uma tentativa de desmonte de órgãos de fiscalização, como o Inpe, para encobrir os rastros da degradação da floresta, e afirma que “se há essa intenção do governo, isso é um baita tiro no pé. O Inpe representa talvez a instituição de monitoramento do uso da terra mais competente do mundo”.
Para o pesquisador, denegrir ou desestruturar o órgão é um caminho “extremamente prejudicial ao País”, pois qualquer tentativa do governo de movimentar esse campo pode aumentar a perda de credibilidade do Brasil. “Fazer uma mudança como essa, neste momento, é um baita tiro no pé”, afirma.