Cidades não estão preparadas para lidar com chuvas intensas

Para Pedro Luiz Côrtes, situação como a de Minas Gerais é preocupante porque deve continuar chovendo em fevereiro

 03/02/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 04/02/2020 as 12:24
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Parte da região Sudeste do País (áreas do Rio de Janeiro, Espírito Santo e, principalmente, Minas Gerais) está passando por momentos de apreensão, mortes e estragos devido ao excesso de chuva visto nas últimas semanas. De acordo com a Defesa Civil do Estado de Minas Gerais, quase 60 pessoas morreram devido à situação que assola o Estado, além de mais de 100 cidades estarem em estado de emergência.

Desde o início da medição climatológica feita pelo Instituto Nacional de Meteorologia (há 110 anos), o mês de janeiro de 2020 foi considerado o mais chuvoso da história, com quase mil milímetros de chuva. Para falar sobre esse assunto, o Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.

O professor explica que é possível prever acontecimentos como esse e que, inclusive, já há previsão de que essa situação continue em fevereiro de 2020. A situação de Minas é mais preocupante, porque, segundo Côrtes, “havia uma grande quantidade de umidade retida no solo. Com o aumento de temperatura, essa umidade evaporou e gerou chuvas no final da tarde ou no início da noite”.

Segundo alguns modelos, a previsão de chuvas para fevereiro é de 400 milímetros. Mesmo sendo a metade do volume observado em janeiro, este valor pode ser considerado significativo. “Se você considerar uma chuva de 1.300 milímetros em dois meses, só para você ter uma ideia, isso está dentro do que seria normal para a cidade de São Paulo ao longo de todo o ano. Então, está chovendo em Belo Horizonte, em dois meses, o que choveria em São Paulo em um ano”, explica o professor.

A topografia até pode ser um fator a ser considerado para o agravamento do quadro, mas, quando o assunto é urbanização, o que mais vale é a forma como o local foi ocupado. A falta de drenagem é o principal causador para alguns transtornos, pois há uma quantidade absurda de chuva caindo e não há nem uma escoação parcial para ajudar nos impactos vivenciados pela população.

Ouça no player acima a íntegra da entrevista.


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