A Constituição Federal de 1988 definiu, entre outras coisas, a criação de um sistema universalista de saúde no País, o SUS. Ao longo das duas décadas seguintes, mais de 90 milhões de cidadãos foram incluídos no serviço. É verdade que o sistema avançou muito ao longo desses anos, como comprovam a queda na taxa de mortalidade e o aumento da expectativa de vida, mas ainda há muito a ser feito. Para Oswaldo Yoshimi Tanaka, diretor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e professor do Departamento de Política e Gestão de Saúde da FSP, o SUS precisa de ajustes progressivos, mas nunca terá uma solução.
Tanaka entende que os desafios enfrentados na saúde pública são causados por má gestão e falta de dinheiro, mas, principalmente, por questões políticas. O professor diz que cada vez mais o Estado perde o papel de provedor do bem-estar social e ganha em caráter eficientista, que depende do setor privado para agir e gerir os recursos. Em um sistema excludente, com grande disparidade econômica e sendo pressionado por indústrias, como a farmacêutica e a de equipamentos, fica difícil para o Estado a implementação de políticas públicas.
Ainda sobre a definição de políticas de saúde, Tanaka diz que é preciso que a FSP retome seu papel de destaque e influência, perdido ao longo dos anos. Antes, os gestores e executores dessas políticas procuravam a faculdade para definição de atividades e expansão dos serviços. Hoje, até pela difusão e acessibilidade da informação, a FSP não tem mais tamanha relevância. Para o professor, a Universidade tem como missão se colocar na discussão sobre o tema, não só técnica, mas também politicamente.
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