No fim de maio, territórios indígenas munduruku registraram ataques de garimpeiros ilegais. A casa de uma liderança indígena foi incendiada no município de Jacareacanga, no Pará. Os ataques acabam fazendo parte de um contexto de expansão do garimpo ilegal no Brasil, cujos impactos são associados a conflitos com indígenas e órgãos do governo, além da devastação ambiental.
“Esses empreendimentos vêm assumindo um tamanho comparado ao de atividades industriais de mineração. Como eles são ilegais, eles mudam cursos de rios, promovem o desmatamento, sem que haja a necessária recomposição do terreno ou sem que haja a necessária autorização para que isso seja feito”, aponta o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, lembrando também da deposição de mercúrio nos rios, o que pode gerar a contaminação de populações que ingerem esses peixes como alimento.
Do ponto de vista territorial, a expansão do garimpo ilegal pode promover conflitos entre os criminosos e órgãos como a Polícia Federal e a polícia do Ibama. Soma-se a isso, o próprio contrabando que caracteriza a prática ilegal do garimpo: “Tem um problema relacionado à evasão de recursos naturais do ouro por meio do contrabando. Como é uma atividade ilegal, os garimpeiros têm uma dificuldade de legalizar essa comercialização, porque eles não conseguem provar que eles têm uma autorização de lavra, então isso vai para um mercado paralelo e acaba incentivando muito o contrabando”, explica o professor.
Diante desse contexto, é possível analisar os fatores que contribuem para a perpetuação desse problema: “Há uma tolerância por meio de corrupção. Então há pessoas que se beneficiam com isso e também há políticos locais que acabam incentivando esse tipo de ação, porque eles acabam também se beneficiando, recebendo recursos ou por vezes até financiando esse tipo de atividade, não é uma atividade que seja de baixo custo não”.
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