A frase “porque é natural não faz mal” não corresponde à realidade

Daniel Demarque lembra que produtos naturais não são inócuos e podem causar danos ao organismo, principalmente quando interagem com outros medicamentos

 30/03/2022 - Publicado há 3 anos
Por
Os produtos naturais, mesmo na forma de chá, de cápsula, contendo um extrato fabricado a partir de uma matéria vegetal, devem ter registro na Anvisa – Foto: Reprodução/PxHere
Logo da Rádio USP

O uso de produtos ditos “naturais” sem indicação médica é um risco à saúde, podendo levar a óbito. As pessoas costumam entrar em uma loja de produtos naturais, manipulados ou até mesmo em farmácias para procurar o que pode ajudar a emagrecer, melhorar a pele, crescer cabelo ou minimizar sua queda sem conhecer ou saber exatamente o que está sendo consumido. A compra também é facilitada com a venda pela internet. Daniel Demarque, professor do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, lembra que aquela frase “porque é natural não faz mal” não existe. Os venenos e as plantas tóxicas também são naturais. “Quando nós consumimos os produtos ditos naturais, nós precisamos ter em mente que esses produtos não são inócuos, ou seja, ainda que naturais são produtos químicos que vão ter efeito no nosso organismo, que o nosso fígado precisa metabolizar para excretar. Não é porque ele é natural que não vai ter nenhum risco ou não vai ter nenhum efeito no nosso organismo.”

Daniel Demarque – Foto: Reprodução/Fapesp

Muita gente tem  o hábito de tomar um chazinho e acaba aproveitando para tomar um remédio, mas essa é uma combinação perigosa e que deve ser evitada. “Os chás muitas vezes têm substâncias chamadas de taninos, muito comuns nos vinhos, e essas substâncias podem se complexar com os medicamentos e evitar sua absorção.”  

Registro na Anvisa

Os produtos naturais, mesmo na forma de chá, de cápsula, contendo um extrato fabricado a partir de uma matéria vegetal, devem ter registro na Anvisa, não podem e não devem ser comercializados sem controle. Seu consumo só deve ser realizado com a orientação de um profissional de saúde. O professor Demarque conta que “existem fitoterápicos, medicamentos feitos a partir de plantas, que podem interagir, por exemplo, com contraceptivos. A erva de São João, ou Hypericum perforatum, é uma erva utilizada no tratamento de ansiedade e depressão que, quando utilizada com contraceptivos, diminui sua ação, permitindo que a pessoa engravide; Ginkgo biloba fitoterápico, muito utilizado para circulação venosa, auxilia também em distúrbios cognitivos, quando utilizado com anticoagulantes pode levar a quadros hemorrágicos. Esses produtos vão ter um efeito no nosso organismo, vão interagir com outros medicamentos que vamos tomar, por esse motivo é importante buscar informações com profissionais de saúde”.   


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.