Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP pesquisa e documenta a história e as culturas do País

Por Monica Dantas e Luciana Suarez Galvão, diretora e vice-diretora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP

 Publicado: 08/04/2024     Atualizado: 09/04/2024 as 18:41

Luciana Galvão – Foto: Arquivo pessoal
Monica Dantas – Foto: Arquivo pessoal

Em 11 de outubro de 1962, o jornal Correio Paulistano publicou uma matéria sobre a instalação, na USP, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e a posse de seu diretor, o prof. Sérgio Buarque de Holanda, e vice-diretor, o prof. Aroldo de Azevedo. Como noticiava o periódico, o IEB teve origem numa proposta feita à reitoria embasada em um estudo apresentado por Sérgio Buarque que destacava “a necessidade de [se] desenvolver, por meio de um centro de estudos e de pesquisas, os trabalhos de investigação e ensino sobre a realidade brasileira passada e presente”.

Sérgio Buarque, ressaltava, então, o quanto era necessária a existência de um centro que permitisse “um contato mais assíduo [entre] as cadeiras e disciplinas que se orientam de modo direto para um melhor conhecimento do Brasil nos seus diferentes aspectos”. Considerava que as áreas de História, Geografia, Literatura, Antropologia, Política, Sociologia e Paleografia, além de outras (hoje temos, claro, as Artes, a Música, a Museologia) poderiam auferir ganhos mediante a cooperação e articulação de seus esforços e recursos em proveito dos estudos brasileiros.

Não à toa, em 2002, quando da comemoração dos 40 anos de sua fundação, o Jornal da USP publicou uma matéria destacando que o IEB foi “uma espécie de precursor da chamada multidisciplinaridade”, “um organismo independente das outras faculdades, multidisciplinar e multitemático, especializado nos estudos sobre o Brasil”. Em 2022, em comemoração aos 60 anos do instituto, o mesmo jornal publicou: “Pensado como instituição interdisciplinar no campo das Ciências Humanas, o IEB tem sob sua responsabilidade a guarda e a manutenção de um acervo excepcional […] um acervo de caráter único”.

A partir de sua criação, o IEB cresceu rapidamente. Em 1967, o instituto contava com uma biblioteca de 24 mil obras. No ano seguinte, o acervo se expandiu com a incorporação da Coleção Lamego (que, estimava-se, era de 3.500 volumes) e com a aquisição da Coleção Mário de Andrade, que, para além de livros e documentos, contava com obras de arte, dando origem à Coleção de Artes Visuais do Instituto.

Atualmente, o IEB conta com um arquivo de meio milhão de documentos, uma biblioteca de 260 mil volumes, e uma Coleção de Artes com 8 mil obras. Ou seja, em sentido amplo, o IEB conta com uma das maiores brasilianas do País, atrás, talvez, apenas da Biblioteca Nacional.

Além disso, o instituto conta atualmente com um corpo docente próprio – multidisciplinar, é claro – e um número importante de alunos, tanto de graduação como pós-graduação, para além de pós-doutorandos e pesquisadores.

Hoje, o IEB – criado há 62 anos, instituto especializado da USP que comemora, em 2024, 90 anos de existência – continua cumprindo sua missão, rompendo as barreiras disciplinares relacionadas aos estudos brasileiros, planejando e realizando pesquisas, promovendo cursos e seminários, incentivando a participação de alunos nos trabalhos de diferentes áreas e assegurando o diálogo e a convivência entre professores, alunos e pesquisadores externos.

Retornamos, uma última vez, às palavras de seu fundador Sérgio Buarque de Holanda, que, em entrevista concedida em 1972 à Revista Realidade, destacou: “Escrever a história é ter visão dialética do passado, e […] de suas consequências no presente”.

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