Desbravando as fronteiras na saúde: o legado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Por Rui Alberto Ferriani e Jorge Elias Júnior, diretor e vice-diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP

 Publicado: 10/04/2024

Rui Alberto Ferriani – Foto: Vladimir/USP Imagens
Jorge Elias Júnior – Foto: Arquivo pessoal
Uma entidade ligada à saúde deve estar atenta às necessidades da população de São Paulo e do Brasil. Além disso, a formação humanística, inclusiva e baseada em evidências científicas é uma necessidade premente em nosso País, que tem a sua educação superior muitas vezes deficiente. Nossos formandos precisam desenvolver habilidades de liderança e trabalho em equipe, bem como atuar como agentes de mudança em suas realidades de trabalho/atuação. A pesquisa voltada a resultados, com interação com entidades governamentais e entidades privadas, é necessária e prioritária.

Um marco inicial de pesquisa foi a identificação da bradicinina, um poderoso vasodilatador, com destaque pela contribuição a um dos principais tratamentos para hipertensão arterial sistêmica. Como outros exemplos podemos citar as pesquisas na temática do Sars-cov-2, como epidemiologia, aquelas relacionadas ao isolamento social, tratamento e estudos de vacinação em larga escala, que foram extremamente importantes no conhecimento, tratamento e prevenção desta doença.

Merecem destaque também os estudos realizados pelos Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) em doenças inflamatórias (CRID), que levaram a um melhor conhecimento destas doenças, a descoberta de novos marcadores de prognóstico e o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.

Destacam-se também estudos em doenças onco-hematológicas de adultos e crianças, incluindo os realizados pelo Centro de Terapia Celular e diversos projetos temáticos na área, contribuindo com a descoberta de novos marcadores de prognóstico e de tratamento no câncer e o desenvolvimento de terapias inovadoras, como CAR-T cell, no tratamento de leucemias e linfomas.

Na área de Psiquiatria, a investigação de biomarcadores e novos alvos terapêuticos em transtornos neuropsíquicos teve destaque para as aplicações clínicas do canabidiol e outras drogas psicoativas. Também foram realizados estudos em doenças neuromusculares, doenças infectocontagiosas, doenças genéticas e atenção básica, que têm impactado a saúde da população.

Foram realizadas, também, pesquisas relacionadas a ensaios clínicos com novas drogas, em todas as especialidades médicas, na Unidade de Pesquisa Clínica (UPC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. Tivemos papel fundamental nas primeiras pesquisas relacionadas à doença de Chagas, isolamento de proteína do látex e suas ações terapêuticas e os diversos trabalhos em dor e inflamação.

Fomos pioneiros na implantação de transplantes autólogos, no transplante renal, implantamos o primeiro serviço de reprodução assistida no SUS e políticas de anticoncepção de impacto com redução das gestações em adolescentes. Além disso, realizamos a primeira cirurgia de separação de gêmeas siamesas ligadas pelo crânio.

A FMRP tem uma relação direta com a sociedade, especialmente com o complexo hospitalar do HC, não só o campus, mas com os hospitais secundários e as unidades básicas. É um papel fundamental que a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP desenvolve, prestando um serviço importante para a sociedade.

Temos programas de pós-graduação de excelência, que há muitos anos formam e distribuem profissionais para todo o Brasil, e temos enfatizado na formação valores ligados a inclusão, respeito e necessidades da sociedade. A ideia é que o profissional seja um agente modificador da prática profissional, com as ferramentas e as capacidades necessárias para modificar e melhorar a prática assistencial.

A FMRP é uma das unidades que compõem o Polo da Agência USP de Inovação de Ribeirão Preto, responsável por gerir a política de inovação da USP na cidade. Também integra o Supera – Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, que tem várias empresas oriundas de alunos e pesquisadores da FMRP.

A unidade conta ainda com dois Cepids: o Centro de Pesquisas em Doença Inflamatória (CRID) e o Centro de Terapia Celular (CTC) e dois projetos no programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs): o INCT Translacional em Medicina e o INCT em Células-Tronco e Terapia Celular no Câncer.

Também foi criado, em 2022, um polo da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, e é credenciada a receber recursos financeiros para prospectar e executar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Nossa contribuição tem sido na formação de um profissional de excelência para atuar no mercado público e privado de saúde, com formação humanística do profissional formado. Ao liderar um complexo de saúde com foco no SUS, estamos diretamente ligados à gestão e políticas de saúde em nível regional e nacional.

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